Mercado Imobiliário

Patrocínio:

Design sem nome (3)

Essa cidade está cada vez mais próxima de uma bolha imobiliária — e não fica no Brasil

Estudo do UBS mede risco de bolha de acordo com ritmo de alta de preço de imóveis; São Paulo está no ranking, mas bem distante do topo

Na cidade com maior risco de bolha imobiliária, os aluguéis ficaram 50% mais altos em cinco anos (Divulgação/Divulgação)

Na cidade com maior risco de bolha imobiliária, os aluguéis ficaram 50% mais altos em cinco anos (Divulgação/Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 15h43.

Última atualização em 23 de setembro de 2025 às 15h45.

São Paulo vive uma bolha imobiliária? De acordo com um novo estudo da UBS, definitivamente não.

O risco médio de bolha imobiliária nas grandes cidades, inclusive, caiu pelo terceiro ano consecutivo, refletindo uma diminuição do entusiasmo no mercado imobiliário, dizem Matthias Holzhey e Maciej Skoczek, os autores do estudo. O aumento das taxas de juros tem sido um fator crucial para a desaceleração.

Mas, nos últimos anos, algumas cidades se destacaram pelo crescimento acelerado de preços. Em Madri, a alta foi de impressionantes 14% no último ano, o maior crescimento entre as cidades analisadas.

Em maio, o governo espanhol ordenou o bloqueio de mais de 65 mil anúncios ilegais de aluguel por temporada, pois muitos não cumpriam exigências de licenciamento ou não informavam se o proprietário era pessoa física ou jurídica. Isso foi só parte de um movimento generalizado que tenta sanar a crise imobiliária no país. “Chega de desculpas. Chega de proteger aqueles que fazem do direito à moradia um negócio em nosso país”, disse ministro espanhol Pablo Bustinduy à época.

Enquanto isso, em lugares como Frankfurt, Paris, Toronto, Hong Kong e Vancouver os preços caíram quase 20% devido ao aumento das taxas de juros.

Dubai e Miami apresentaram um crescimento real de cerca de 50% nos últimos cinco anos — com Miami na dianteira no ranking do risco de bolha imobiliária.

Em São Paulo, o cenário é bem diferente. Na única cidade brasileira mencionada no estudo, os preços reais dos imóveis registraram uma queda de cerca de 25% entre 2014 e 2022. Apesar de um desempenho robusto nas vendas, os preços se mantiveram estáveis desde 2022, impactados pelas altas taxas de financiamento que chegaram a dois dígitos.

Neste cenário, alugar continua sendo uma opção mais acessível do que comprar. Os aluguéis reais aumentaram 5% no último ano, agora cerca de 25% acima dos níveis de 2022, refletindo a forte demanda de locatários e a baixa vacância em regiões bem localizadas da cidade.

Apesar da moderada inflação, o Banco Central do Brasil ainda não indicou uma redução nas taxas de juros, o que tem mantido o custo do financiamento elevado.

Com as taxas altas, o mercado de compras tende a seguir um caminho de estabilidade, dificultando grandes aumentos nos preços. Enquanto esse cenário persistir, grandes valorização de imóveis em São Paulo parece improvável, mantendo o mercado em uma fase de adaptação e cautela.

Desafios de acesso

Um dos maiores desafios para as grandes cidades no cenário atual é a questão da acessibilidade. Hong Kong, por exemplo, é considerada a cidade mais inacessível, com um trabalhador precisando de 14 anos de sua renda anual para adquirir um apartamento de 60 m².

Já Tóquio, Paris e Londres apresentam relações preço/renda que ultrapassam 10 vezes a renda anual média, demonstrando um grande descompasso entre os preços dos imóveis e a realidade financeira da população.

Com a dificuldade crescente para o acesso à moradia, o risco de intervenções regulatórias aumenta. Cidades como Vancouver, Sydney, Amsterdã, Paris, Nova York e Londres já enfrentam a imposição de novas regulamentações como aumento de impostos, restrições à compra e controle de aluguel, para tentar reduzir o impacto da especulação imobiliária.

Maciej Skoczek, coautor do estudo, destaca a tendência crescente de intervenção governamental, afirmando que as novas regulações podem diminuir o apelo de mercados que anteriormente eram altamente procurados. A alta contínua da dívida pública, que mantém os juros artificialmente baixos, pode trazer uma reviravolta para o mercado imobiliário.

Mas, com a expectativa de redução das taxas de juros até 2026, a demanda por ativos com retornos reais positivos, como imóveis, tende a crescer.

Ranking de bolha imobiliária em cidades pelo mundo

O estudo analisou os preços de imóveis residenciais em 21 grandes cidades ao redor do mundo para medir o risco de bolha imobiliária em cada uma delas. Os fatores essenciais que impulsionam a metodologia e definem o escore de risco de bolha são baseados na análise da dinâmica de preços, da acessibilidade e do contexto macroeconômico e regulatório de cada mercado.

O risco é considerado alto quando o escore é superior a 1,5, elevado entre 1,0 e 1,5, moderado entre 0,5 e 1,0, e baixo quando inferior a 0,5. Confira:

  1. Miami (Alto) - 1.73

  2. Tóquio (Alto) - 1.59

  3. Zurique (Alto) - 1.55

  4. Los Angeles (Elevado) - 1.11

  5. Dubai (Elevado) - 1.09

  6. Amsterdã (Elevado) - 1.06

  7. Genebra (Elevado) - 1.05

  8. Toronto (Moderado) - 0.80

  9. Sydney (Moderado) - 0.80

  10. Madri (Moderado) - 0.77

  11. Frankfurt (Moderado) - 0.76

  12. Vancouver (Moderado) - 0.76

  13. Munique (Moderado) - 0.64

  14. Singapura (Moderado) - 0.55

  15. Hong Kong (Baixo) - 0.44

  16. Londres (Baixo) - 0.34

  17. São Francisco (Baixo) - 0.28

  18. Nova York (Baixo) - 0.26

  19. Paris (Baixo) - 0.25

  20. Milão (Baixo) - 0.01

  21. São Paulo (Baixo) - -0.10

Acompanhe tudo sobre:Bolha imobiliáriaMiamiMadriSão Paulo capitalMercado imobiliário

Mais de Mercado Imobiliário

MP aciona Justiça para recuperar imóvel onde residiu Machado de Assis

Incorporadora paranaense mira interior de São Paulo com meta de R$ 2 bilhões

Marketplace QuintoAndar: imobiliárias dobram volume de negócios ao iniciar parceria com plataforma

Todos faleceram, menos meu esposo — e o imóvel está alugado. Como fazer o inventário?