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Dependendo da complexidade do imóvel, equipes multidisciplinares são formadas, incluindo engenheiros, arquitetos, contadores e especialistas ambientais. (BrianAJackson/Thinkstock)
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Publicado em 17 de setembro de 2025 às 18h17.
O mercado imobiliário brasileiro movimenta bilhões de reais anualmente, mas ainda enfrenta desafios relacionados à segurança jurídica das transações. Problemas com documentação irregular, dívidas não declaradas e até tentativas de fraude continuam presentes nas negociações, criando um cenário que demanda cada vez mais atenção de compradores e vendedores.
Diante disso, a investigação prévia de imóveis surge como um passo mais do que essencial para garantir transações mais seguras. O processo, conhecido como due diligence imobiliária, tem ganhado cada vez mais espaço no país como forma de prevenir prejuízos e evitar dores de cabeça no campo jurídico.
A due diligence imobiliária consiste em uma investigação detalhada realizada antes da compra ou venda de um imóvel. O termo, originado do inglês e que significa "devida diligência", representa um processo de verificação que examina documentos, situação jurídica, aspectos financeiros e condições físicas do bem.
Na prática, esse procedimento funciona como uma auditoria completa do imóvel. Cada documento passa por uma análise rigorosa, pendências são identificadas e riscos são mapeados, permitindo que as partes envolvidas tomem decisões baseadas em informações concretas.
O processo se caracteriza pela abordagem multidisciplinar, reunindo profissionais de diferentes áreas para formar um diagnóstico completo. Advogados analisam a documentação legal, engenheiros avaliam a estrutura física, contadores verificam aspectos tributários e consultores ambientais examinam possíveis restrições.
A tecnologia também tem um papel importante nesse trabalho, com sistemas que agilizam a verificação de informações e o cruzamento de dados. Além disso, cada tipo de imóvel recebe um tratamento específico, já que apartamentos residenciais demandam análises diferentes de galpões industriais ou propriedades rurais.
O principal objetivo é proteger as partes envolvidas na transação, revelando informações que podem passar despercebidas em uma análise superficial.
O processo também contribui para a valorização do negócio, já que imóveis com situação regularizada e documentação completa transmitem maior segurança e facilitam a obtenção de financiamentos bancários. Além disso, eventuais problemas detectados podem servir como base para renegociação de valores ou prazos.
O momento ideal para iniciar a investigação é logo após o interesse pelo imóvel, mas antes de assinar qualquer documento de compromisso ou realizar pagamentos. Especialistas recomendam que o processo comece ainda na fase preliminar de negociação, quando há espaço para ajustes ou mesmo desistência sem grandes prejuízos.
No cenário atual, com o crescimento de fraudes documentais e golpes digitais, realizar a verificação antes de qualquer transferência financeira é uma recomendação importante. O tempo investido nessa etapa pode evitar anos de disputas judiciais e perdas financeiras.
A condução do trabalho geralmente fica a cargo de advogados especializados em direito imobiliário, consultores de compliance imobiliário ou empresas de assessoria jurídica. Dependendo da complexidade do imóvel, equipes multidisciplinares são formadas, incluindo engenheiros, arquitetos, contadores e especialistas ambientais.
Embora os corretores de imóveis possam auxiliar no processo, é recomendada a contratação de profissionais independentes para garantir imparcialidade na análise.
A primeira fase consiste na reunião da documentação básica: matrícula atualizada do imóvel, certidões de distribuição cível e criminal, comprovantes de quitação de IPTU e taxas condominiais, além de documentos específicos como habite-se e alvarás. Na sequência, é realizada a análise jurídica para verificar ônus, gravames ou ações judiciais.
A vistoria técnica examina condições estruturais, instalações elétricas e hidráulicas, enquanto a análise de mercado avalia se o preço está adequado. Por fim, é elaborado um documento consolidando todas as descobertas, com classificação de riscos e sugestões de medidas preventivas ou corretivas.
Entre os problemas mais frequentes estão as vendas irregulares, realizadas por pessoas sem autorização legal. Dívidas não declaradas de IPTU, condomínio ou financiamentos anteriores também aparecem com regularidade nas investigações, assim como irregularidades construtivas que podem gerar embargos futuros.
Para imóveis mais complexos, existe a possibilidade de disputas sucessórias não resolvidas, processos de usucapião em andamento, contaminação ambiental em terrenos industriais ou restrições de uso impostas por legislação municipal. Nesses casos, sem a investigação prévia, esses problemas só aparecem quando a reversão do negócio já se tornou difícil ou impossível.
Um processo bem conduzido significa uma economia considerável no longo prazo, mesmo considerando o investimento inicial. A segurança jurídica proporcionada pela investigação facilita transações futuras e ainda valoriza o patrimônio.
Bancos também exigem essa documentação para liberar financiamento, e imóveis regularizados se destacam no mercado. Portanto, é um investimento que se paga com a segurança que proporciona.
O compliance imobiliário estabelece um conjunto de práticas e procedimentos para garantir que todas as operações do setor atendam às normas legais e éticas vigentes. Sendo assim, a due diligence surge como ferramenta que aplica na prática os princípios de transparência e conformidade que o compliance propõe.
Essa combinação fortalece a integridade do mercado imobiliário e protege os envolvidos contra riscos jurídicos.
Os valores variam conforme a complexidade do imóvel e o escopo da análise. Para imóveis residenciais simples, o investimento pode ficar entre R$ 1.000 e R$ 5.000. Propriedades comerciais ou rurais podem demandar valores superiores a R$ 10.000, mas raramente ultrapassam 1% do valor total da transação.
Entre as principais vantagens estão a identificação antecipada de riscos, que permite decisões mais seguras e fundamentadas. A possibilidade de negociar melhores condições baseadas nos achados da investigação e a proteção contra fraudes também se enquadram como benefícios importantes.
Já as desvantagens incluem o tempo adicional necessário para conclusão da análise, que pode atrasar negociações urgentes, e o custo inicial do serviço.
A realização de uma due diligence completa, combinada com assessoria profissional especializada, constitui o caminho mais seguro para comprar ou vender um imóvel com segurança.
Plataformas digitais facilitam algumas verificações, mas a análise de profissionais experientes segue sendo insubstituível. O investimento em segurança jurídica e documental garante que a transação ocorra sem contratempos, preservando o patrimônio e proporcionando tranquilidade a compradores e vendedores.