COP30: encontro reforça o papel do Brasil nas negociações globais sobre clima e na construção de uma agenda baseada em coerência e liderança sustentável (Leandro Fonseca /Exame)
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Publicado em 15 de novembro de 2025 às 17h01.
As cartas do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, são mais do que comunicações diplomáticas. Lidas em conjunto, formam um verdadeiro manual de liderança que pensa de forma integrada e age de maneira coordenada — exatamente o que o Brasil precisa neste momento: liderar com coerência, não apenas com símbolos.
Essa lógica vale tanto para marcas quanto para nações. No mundo atual, coerência se tornou diferencial competitivo. A liderança de ontem impunha metas; a de hoje inspira, conecta e entrega. O consumidor e o cidadão exigem organizações e governos que pratiquem o que pregam. Como costumo dizer, o papel do branding é destravar valor, gerir e gerar valor real para o negócio e para a sociedade.
Segundo o estudo Edelman Trust Barometer 2024, que analisa a confiança pública nas instituições, 71% das pessoas acreditam que as marcas devem agir para resolver problemas sociais e ambientais, mas apenas 30% confiam que elas realmente o fazem. Esse descompasso entre discurso e entrega é o que precisa ser superado.
O Brasil, por sua vez, tem ativos excepcionais: a matriz energética mais verde entre as grandes economias e cerca de 20% da biodiversidade global. Ainda assim, o país é mais lembrado pela exuberância do que pela competência.
A brasilidade não é apenas uma ideia — é uma prática, um pensamento incorporado em sua essência. Quando conseguimos transformar essa essência em ação concreta, criamos valor sustentável e nos tornamos referência
Para isso, é preciso adotar quatro princípios que sintetizam o que chamo de coerência entre o que somos, fazemos e comunicamos:
A liderança da nova era mobiliza, conecta e inspira. Líderes que inspiram criam pertencimento, não medo. As novas gerações não seguem cargos, seguem causas. Quando uma marca (ou um país) lidera com autenticidade, constrói comunidades vivas, engajadas e colaborativas. Inspirar é o primeiro passo para transformar.
No Brasil, ainda há uma lacuna entre intenção e realização. Mas estratégia sem execução é promessa vazia. É o branding da palavra sem entrega. Valor se constrói com alinhamento entre o que se é, faz e fala. Empresas, governos e instituições que entregam o que prometem criam reputação e confiança.
Vivemos em uma era de transformações aceleradas. Agilidade, colaboração e adaptabilidade tornaram-se as novas métricas de relevância. Organizações e nações que respondem rapidamente às mudanças e integram diversidade de perspectivas conseguem inovar de forma contínua. A escassez, muitas vezes, não é limite, mas um estímulo para criar soluções originais.
O futuro pertence a quem entende que resultado e impacto caminham juntos. Valor compartilhado é o encontro entre propósito, resultado e legado. Não basta crescer, é preciso crescer junto com pessoas, comunidades e ecossistemas. Essa é a base de um novo modelo de sucesso: o que é bom para o negócio e para o mundo ao mesmo tempo.
Esses quatro princípios formam o fundamento de um novo posicionamento para o Brasil. Temos criatividade, diversidade, natureza e talento. Mas o que vai definir nosso papel no mundo é a coerência entre propósito e entrega.
Essa visão clara e estratégica das cartas da presidência da COP30 pode, e deve, inspirar uma nova reflexão sobre o branding Brasil. Temos exuberância de sobra para ser o país da coerência. Precisamos apenas transformar inspiração em resultado, propósito em ação e biodiversidade em bioeconomia.
No fim das contas, o branding é o sistema que costura essa coerência entre o que o país é, faz e fala. Mais uma vez, o mundo volta os olhos para nós e o que ele busca é consistência entre o discurso e a entrega.
A pergunta que fica é simples e poderosa: O Brasil está pronto para liderar, de verdade, essa revolução?
Porque, no fim, branding não é somente sobre o que se diz: é sobre o que se faz e o que se entrega.