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O que 2026 realmente nos reserva: menos hype, mais humanidade

Por trás dos relatórios e previsões tecnológicas, 2026 aponta para um novo tipo de avanço: o da coerência humana em meio à colisão de tendências que moldam nosso tempo

IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images for National Geographic Magazine)

IA: máquinas inteligentes já estão ajudando os humanos a expandirem suas habilidades de várias maneiras. (SvetaZi/Getty Images for National Geographic Magazine)

Marc Tawil
Marc Tawil

Estrategista de Comunicação

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 09h02.

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Durante a última década, o futuro veio se desenhando como produto: cada relatório prometia “a próxima disrupção”; conferências vendiam o amanhã como experiência imersiva; a pandemia mudaria o mundo em 2020 (por alguns meses, até mudou mesmo); a Web3 e o Metaverso o transformariam para sempre em 2022, quando, em 30 de novembro daquele ano, a OpenAI daria à luz o ChatGPT.

E aqui estamos, em outubro, nos perguntando: o que nos reserva 2026?

Na minha visão, será um ano de reposicionamento de foco. De menos hype e mais humanidade. Sem clichê.

Depois de anos de aceleração, o novo sinal de progresso é desacelerar sem perder profundidade. “Tendência” virou uma moeda inflacionada, pois, de tanto prever o futuro, esquecemos de compreendê-lo.

O TrendHunter, que anualmente lança o mais completo estudo do setor, mapeou mais de 10 mil sinais de comportamento, sintetizados em 18 megatendências que moldam 2026, agrupadas em seis grandes forças que, pela primeira vez, colidem entre si: Aceleração, Redução, Redirecionamento, Convergência, Divergência e Ciclicidade.

Como bússolas de humanidade, cada uma revela tensões vivas entre tecnologia, cultura e comportamento.

Sob o eixo da Aceleração, por exemplo, surgem:

  1. Prosumerismo, em que o consumidor cria e domina ferramentas de produção.
  2. Inteligência Artificial, que transforma dados em decisões.
  3. Catalização, o papel das marcas como aceleradoras de crescimento pessoal.

Em oposição a ela, a Redução ganha força com:

4. Empreendedorismo instantâneo, o empreendedorismo facilitado e acessível.
5. Curadoria, tendo o filtro como valor.
6. Simplicidade, o retorno do essencial num mundo saturado.

Na força de Redirecionamento, o humano busca propósito e experiência:

7. Tribalismo, com comunidades formadas por afinidade e causa.
8. Gamificação, com os jogos como ferramentas de engajamento.
9. Experiência, em que a vivência substitui a posse.

Já a Convergência aponta para um tempo híbrido e integrado:

10. Multisensorialidade, com o estímulo sensorial elevado a estratégia.
11. Cocriação, a colaboração entre marcas e consumidores.
12. Hibridização, a fusão de formatos, modelos e fronteiras.

Enquanto isso, a Divergência se manifesta como contracorrente:

13. Autenticidade, a resistência à publicidade plástica.
14. Personalização, a era do “feito para mim”.
15. Muitos para muitos, com a economia das multidões criadoras.

E, por fim, Ciclicidade, que devolve ao presente o que julgávamos superado:

16. Nostalgia, o passado como abrigo emocional.
17. Naturalidade, a revalorização do orgânico e do local.
18. Juventude, a expansão simbólica da leveza e da ludicidade.

Mais do que apontar caminhos, essas 18 forças revelam contradições importantes: aceleramos e reduzimos. Convergimos e divergimos. Olhamos para o futuro com a saudade do passado.
2026, portanto, será o ano da colisão das tendências e o que emergirá desse atrito é a necessidade de coerência.

O verdadeiro desafio das marcas, líderes e organizações, logo, será “menos de corte e mais de costura”: não apenas escolher em qual dessas forças apostar, e sim como costurá-las – usar e abusar da IA sem perder a empatia; escalar sem desumanizar; simplificar sem empobrecer; personalizar sem invadir.

Em tempos de abundância, o diferencial será a curadoria e a coragem de escolher o que permanece.

“64% das pessoas afirmam querer ‘fazer menos coisas, mas com mais significado’”, revela a Deloitte, reforçando o movimento. A Edelman confirma: 71% esperam que marcas “tomem posição ética sobre temas sociais relevantes”.

Ou seja, o fechamento da década não deve ser movido pela tecnologia em si, e sim pela capacidade humana de dar sentido a ela.

Depois de tanto correr atrás do amanhã, talvez 2026 seja o ano em que o futuro, enfim, nos alcance. Não com a pressa das máquinas, mas com o ritmo do coração humano: firme, imperfeito e mais confiável do que qualquer algoritmo.

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