Líderes Extraordinários

A fuga de talentos tem solução?

Empresas falham ao ignorar a importância da liderança no engajamento e retenção

Rotatividade: 6,5 milhões de brasileiros pediram demissão em 2024, o maior número já registrado (Getty Images)

Rotatividade: 6,5 milhões de brasileiros pediram demissão em 2024, o maior número já registrado (Getty Images)

Olga Martinez
Olga Martinez

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Publicado em 16 de setembro de 2025 às 16h58.

Desde a pandemia, o mundo corporativo enfrenta uma crise profunda nos ambientes de trabalho. O debate sobre retorno presencial, sistemas híbridos ou totalmente virtuais dominou  a agenda das empresas. Mas há outro desafio, ainda mais impactante: a explosão das taxas de rotatividade.

Alguns setores, como o varejo, convivem com índices estruturalmente altos de turnover — chegando a 100% por trimestre — o que praticamente inviabiliza a construção de cultura, treinamento consistente e estabilidade operacional. No Brasil, o quadro é alarmante: segundo estudo da FGV, em 2024, 6,5 milhões de trabalhadores pediram demissão, o maior número já registrado.

Muitos atribuem esse movimento às gerações mais jovens, rotulando-as de pouco resilientes e intolerantes à pressão. Mas talvez a questão esteja em outro lugar. Culturas organizacionais pouco inspiradoras e lideranças despreparadas podem ter muito mais peso nessa equação do que estamos dispostos a admitir.

Uma pesquisa nacional com líderes realizada em 2023 (“Como se sentem as lideranças no Brasil”, Amélie&Studio Ideias) mostrou que metade deles se sente exausta ou sozinha. Se a metade dos nossos líderes não tem inspiração nem energia, dificilmente teremos ambientes prósperos, engajadores que retêm os talentos.

Os fatores que estimulam engajamento e retenção estão cada vez mais ausentes. A possibilidade de aprender, crescer e admirar uma liderança inspiradora é um dos critérios mais valorizados pelos talentos de hoje. No entanto, desde a pandemia, os investimentos em desenvolvimento de líderes e equipes sofreram cortes severos — e, em muitos casos, nunca retornaram aos orçamentos. Voltamos a um novo mundo corporativo sem estar preparados para ele.

Exaustão não pode ser o novo normal. Perder 50% da equipe em um ano não pode ser tratado como rotina. Se queremos organizações saudáveis, precisamos reconstruir o pilar fundamental: o desenvolvimento das pessoas e das lideranças.

A boa notícia é que a solução está ao nosso alcance. Pessoas permanecem — e dão o seu melhor — em ambientes onde podem ser elas mesmas, com espaço para cooperação, escuta e crescimento. As chaves são claras: autonomia, flexibilidade, desenvolvimento, colaboração e a livre expressão. Investir nisso não é custo, é a única forma de garantir resultados positivos e sustentáveis.

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