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Quanto investir para garantir a faculdade do meu filho?

Algumas graduações podem chegar na casa dos R$ 15 mil e ter um bom planejamento financeiro por trás é essencial

Educação financeira: para poupar dinheiro para a faculdade dos filhos, é preciso planejamento (Germano Lüders/Exame)

Educação financeira: para poupar dinheiro para a faculdade dos filhos, é preciso planejamento (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 11 de outubro de 2025 às 06h00.

Última atualização em 14 de outubro de 2025 às 11h08.

Tudo começa com os brinquedos: neste Dia das Crianças, para quem tem filho pequeno, a grande preocupação é a boneca ou o carrinho que a criança irá ganhar. Mas, lá para frente, há outros desafios financeiros que sem um bom planejamento podem se tornar um problema: a faculdade dos filhos.

Muitas mensalidades de universidades particulares ultrapassam o valor de um salário mínimo (R$ 1.518).

Em cursos como Medicina, esses valores podem chegar a casa dos R$ 15 mil. Considerando que o ensino dure, em média, seis anos, o valor, neste caso, pode ser de R$ 1,08 milhão.

É claro, existem bolsas da própria universidade, programas do governo, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa Universidade para Todos (Prouni) do Ministério da Educação (MEC), que auxiliam o universitário a pagar menos ou até ter seu período de estudos custeado integralmente.

Mas considerando que este não seja o caso de muitos estudantes, é necessário reunir uma boa quantia para quitar a faculdade dos filhos.

Segundo André Bobek, especialista em planejamento financeiro e fundador da Mhydas Planejamento Financeiro, o caminho para juntar grandes montantes é pensar em proteção contra a inflação, diversificação, inclusive internacional, e controle de custos.

De olho na graduação

Uma simulação do especialista calculou quanto seria necessário para custear uma faculdade de Administração, com mensalidade de R$ 800 e duração de 4 anos, e uma faculdade de Medicina, com mensalidade de R$ 8 mil e duração de 6 anos. Na primeira situação, seria necessário reunir R$ 38,4 mil, enquanto na segunda, esse montante seria de R$ 576 mil.

Foram analisados diferentes tipos de produtos de investimento, incluindo previdência privada com rentabilidade de 90% do CDI, CDBs com 100% do CDI, ações representadas pelo desempenho do Ibovespa e fundos imobiliários acompanhando o Ifix. Para isso, foi utilizado a rentabilidade média anual/mensal entre 2015 e 2025:

Foram calculados e descontados todos os impostos e taxas de cada investimento para encontrar a rentabilidade líquida. A exemplo, na previdência privada incide o Imposto de Renda (IR) após 10 anos de aplicação, com uma taxa de administração média de 1% ao ano. No CDB ou em ações, há um IR de 15%. Já no Ifix, foi calculado o IR de 20% sobre o ganho de capital.

De acordo com o especialista, não foram considerados aportes iniciais, apenas mensais. Os valores são aproximados e podem variar conforme as condições do mercado e mudanças na legislação tributária. Ao final do prazo de 18 anos, foi calculado o valor acumulado líquido:

Dicas do especialista: como planejar o futuro financeiro do meu filho

Para um bom planejamento financeiro para os filhos, é necessário ter cautela e seguir etapas — um processo que, segundo Bobek, começa muito antes de qualquer aplicação ser feita. A partir dessa base, ele destaca quatro pilares fundamentais que ajudam famílias a organizarem seus recursos e garantirem um futuro mais seguro.

1. Definir o objetivo e o horizonte

“É importante entender qual o propósito de juntar esse dinheiro — se é para o filho ingressar em uma faculdade melhor, dar entrada em um imóvel, iniciar um negócio, formar uma reserva financeira ou consolidar um patrimônio que gere renda passiva. Ter clareza sobre o objetivo é o ponto de partida para definir o caminho”, diz.

2. Planejamento orçamentário

“Os aportes mensais devem ser tratados como uma despesa fixa, e não algo que se faz ‘se sobrar dinheiro’. Esse é um dos maiores erros dos brasileiros. Quando o investimento é colocado como prioridade, as chances de manter a constância e alcançar o objetivo no longo prazo aumentam consideravelmente”, afirma.

3. Ter antes uma reserva de emergência

Ter uma reserva da família antes de começar a investir para os filhos é essencial, aponta Bobek. “Isso evita que imprevistos financeiros levem os pais a resgatar o dinheiro destinado ao futuro deles. O investimento de longo prazo precisa de consistência para que os juros compostos atuem ao longo dos anos e formem o patrimônio desejado.”

4. Educação financeira

“Envolver a criança ou o adolescente desde cedo em conceitos como poupança, juros, risco, inflação, Selic, receitas e despesas é essencial. Assim, eles aprendem o valor do dinheiro e desenvolvem disciplina, entendendo o esforço necessário para construir aquele patrimônio, o que os ajuda a valorizá-lo e administrá-lo com responsabilidade no futuro”, pontua.

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