Juros: relatório ADP abaixo do esperado dá força para narrativa de corte de juros por Trump (Allison ROBBERT/AFP)
Repórter de finanças
Publicado em 4 de junho de 2025 às 16h02.
O mercado está de olho nesta semana nos números de emprego nos Estados Unidos - e, nesta quarta-feira, 4, o relatório ADP balançou o mercado.
A criação de vagas de trabalho no setor privado dos Estados Unidos aumentou, mas muito menos do que o esperado.
As estimativas de economistas consultados pela Reuters apontavam para uma criação de 110.000 postos em maio, enquanto o número veio em 37.000, contra 60.000 de abril (número revisado).O ritmo de criação de novas vagas é o mais lento em mais de dois anos.
Após a divulgação do resultado, o presidente dos EUA, Donald Trump, fez um apelo ao presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, para reduzir as taxas.
Na rede social Truth Social, Trump escreveu que “o número da ADP foi demais” e que “Powell precisa reduzir a taxa”. “Ele é inacreditável”, disse.
E o relatório ADP refletiu também na curva de juros futuro, com rendimento do título do Tesouro dos EUA de 10 anos recuando mais de 2,4% - caminhando para o maior recuo intradiário desde 14 de abril.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, explica que o dado se soma a outros mais amenos, como inflação e PCE, apontando que o Fed possa estar conseguindo caminhar para atingir suas metas.
"Se o Fed tem um mandato duplo, e a inflação parece estar controlada, as expectativas ancoradas, as tarifas com um impacto pontual, se o mercado de trabalho começa a dar espaço de arrefecimento, abre espaço para, em algum momento, abaixar juros. É isso que está sendo colocado na conta dos juros longos hoje", aponta.
Também segurou a queda dos juros de longo prazo o PMI de serviços do ISM (Institute for Supply Management) que mostrou que o setor recuou para 49,9 em maio, de 51,6 em abril, em contraste com o 52,1 esperado por economistas entrevistados pelo The Wall Street Journal.
A 14 dias da próxima reunião do Fed, segundo a plataforma FedWatch, 95,6% dos investidores acreditam que o órgão irá manter a taxa de juros entre 4,25% e 4,50%