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Taurus pode transferir produção brasileira para os EUA: 'inviável com tarifa de 50%', diz CEO

Unidade em São Leopoldo emprega 2,7 mil pessoas diretamente e concentra maior força de trabalho da fabricante de armas

A Taurus buscou apoio do governo do Rio Grande do Sul para avaliar possíveis ajustes no ICMS (Ricardo Jaeger/Exame)

A Taurus buscou apoio do governo do Rio Grande do Sul para avaliar possíveis ajustes no ICMS (Ricardo Jaeger/Exame)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 28 de julho de 2025 às 15h47.

Última atualização em 29 de julho de 2025 às 09h54.

A produção na fábrica da Taurus em São Leopoldo (RS) pode estar com os dias contados. Caso as tarifas de importação a produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos se confirmem em 50%, de acordo com o anunciado pelo presidente Donald Trump no começo deste mês, a companhia deve transferir a produção da planta gaúcha para o estado americano da Geórgia, onde atualmente funciona a sede da fabricante de armas.

Questionado pela EXAME se a Taurus fecharia de fato a fábrica brasileira, Salesio Nuhs, presidente da companhia, evitou ser taxativo, mas admitiu que uma tarifa de 50% deixaria o negócio inviável.

“Tarifa de 50% é embargo econômico e prejudica exportadoras, como a Taurus. Quando as tarifas de 10% foram anunciadas em maio começamos a enviar os produtos para os Estados Unidos, conseguimos um estoque de 90 dias. A companhia tem uma boa saúde financeira para esperar uma negociação”, afirma Nuhs.

A fábrica de São Leopoldo emprega 2,7 mil pessoas diretamente. É lá que está o "grosso" da força de trabalho da companhia e suas principais tecnologias. Nos Estados Unidos, a Taurus trabalha com 320 funcionários, que recebem as peças fabricadas no Brasil para a montagem das armas. Nos últimos sete anos, a companhia investiu R$ 800 milhões nas linhas de produção nacionais.

Nuhs alega que a Taurus e a Companhia de Cartuchos (CBC), fabricante de munições, têm o maior número de processos de exportação para os Estados Unidos em volume no Brasil.

Negociando em todas as esferas

A Taurus opera com a fábrica nos Estados Unidos há 43 anos. O CEO da unidade americana, explica Nuhs, está tentando negociar uma isenção de tarifas para a companhia diretamente com autoridades americanas. Enquanto isso, aqui no Brasil, Nuhs já teve encontros com o vice-presidente, Geraldo Alckmin, o ministro da Defesa, José Múcio, e representantes da embaixada americana para discutir os impactos das tarifas, inclusive na defesa nacional, já que a Taurus fornece armamento para as polícias militares.

Na esfera estadual, a Taurus buscou apoio do governo do Rio Grande do Sul para mitigar impactos com ajustes no ICMS, com a justificativa de que a empresa tem participação relevante das exportações gaúchas e gera milhares de empregos.

De acordo com CEO, o governador Eduardo Leite "está sensível à situação da companhia" e há reuniões marcadas com a Secretaria da Fazenda do estado e o BNDES, na tentativa de negociar prorrogação das tarifas e minimizar os impactos para a indústria.

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