Invest

Tarifas e inteligência artificial: 4 pontos para ficar de olho no balanço da Apple

Uma das empresas mais afetadas pela guerra comercial, fabricante do iPhone divulga seus resultados na próxima quinta-feira, 1

Segundo a imprensa internacional, a Apple está transferindo sua produção da China para a Índia, por conta da ameaça de tarifas (Cheng Xin/Getty Images)

Segundo a imprensa internacional, a Apple está transferindo sua produção da China para a Índia, por conta da ameaça de tarifas (Cheng Xin/Getty Images)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 30 de abril de 2025 às 06h06.

Última atualização em 30 de abril de 2025 às 08h03.

A Apple divulga na próxima quinta-feira, 1, o seu balanço do seu segundo trimestre fiscal de 2025, encerrado em março.

A expectativa é de um aumento no lucro. O consenso de analistas aponta para um lucro por ação de US$ 1,62, 6% maior que os US$ 1,53 do mesmo período do ano passado. Para a receita, a projeção é de alta de 4%, para US$ 94,2 bilhões.

Mais do que o passado, no entanto, o que os investidores devem ficar de olho são nas sinalizações sobre o futuro, com planos para lidar com eventuais impactos das políticas tarifárias que foram anunciadas em 2 de abril.

Com uma cadeia de produção fortemente concentrada na China, a fabricante do iPhone é uma das mais impactadas pelo vaivém da guerra comercial.

O mercado deve ficar de olho em três pontos-chave tanto no balanço quanto na teleconferência de resultados, apontou o analista Jacob Bourne, da Emarketer, ouvido pela Business Insider.  São eles:

  • a capacidade da Apple de lidar com potenciais aumentos de preços
  • o impacto financeiro das tarifas; e
  • o cronograma para diversificar a cadeia de suprimentos.
Analistas cortam projeções para ações da Apple antes da divulgação do balanço

A Apple chegou a respirar mais aliviada após uma trégua, com a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA anunciando uma isenção para smartphones, laptops e outros dispositivos de tecnologia que saíssem dos armazéns a partir de 5 de abril. Logo em seguida, popresidente Donald Trump, no entanto, deixou claro que "ninguém está fora de perigo" quando se trata de tarifas, em post em sua rede social, a Truth Social – deixando o fantasma de novas taxações à espreita para os fabricantes.

Nesse sentido, a fabricante do iPhone estaria explorando o próximo melhor lugar para fabricar seus produtos. A Apple já se adiantou as tarifas, despachando 600 toneladas de iPhones da India para os Estados Unidos.

A companhia parece estar direcionando boa parte da sua cadeia de produção para o país, que enfrenta 26% de tarifas recíprocas, contra os 20% básicos em relação à China (e que, dado o acirramento das disputas, sempre podem aumentar). Segundo o Financial Times, a Apple espera todos os iPhones vendidos nos Estados Unidos fabricados na India até 2026.

Esse suposto plano sinaliza que a Apple está levando as ameaças tarifárias a sério, afirma Bourne. A transição, no entanto, enfrentaria "obstáculos logísticos significativos", diz o especialista.

Outro ponto em que o mercado deve ficar de olho são os progressos da Apple envolvendo o uso de inteligência artificial. A companhia tinha afirmado que lançaria uma versão que usa IA generativa da Siri, a sua assistente pessoal, antes de um grande evento que acontece agora em junho. O cronograma, no entanto, foi adiado por conta de atrasos no desenvolvimento.

Acompanhe tudo sobre:AppleiPhoneBalançosDonald TrumpTarifasÍndia

Mais de Invest

CEO do JPMorgan defende IPO de gigante chinesa reforça aposta de longo prazo no país

Walmart planeja demissão em massa pressionado por tarifas de Trump, diz jornal

Temor com déficit dos EUA pressiona mercados globais 

Giro do dia: o significado da fusão Marfrig e BRF, reprovação de Lula e leilão inédito ambiental