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Tarifas de Schrödinger? Mercados não se abalam com 'tarifaço' de Trump

Alta recente das bolsas reflete percepção de que tarifas fazem parte de estratégia de negociação

Publicado em 8 de agosto de 2025 às 09h33.

Os mercados globais reagem com aparente indiferença às mais recentes tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O cenário contrasta com a forte liquidação ocorrida em abril, quando medidas semelhantes provocaram quedas abruptas nas bolsas.

Desde o 1º de agosto, o MSCI All Country World Index acumula alta de cerca de 1,8%, enquanto o CSI 300, da China, e o Nikkei 225, do Japão, subiram mais de 1% e 2,5%, respectivamente. Na Europa, o Stoxx 600 avançou nos últimos dias, impulsionado por balanços corporativos, apesar do novo pacote tarifário.

As novas medidas impõem tarifas de 10% a 15% sobre importações da União Europeia, Japão e Coreia do Sul, e de 20% sobre produtos de Taiwan, Vietnã e Bangladesh.

A Índia, alvo por manter compras de petróleo russo, teve tarifas elevadas de 25% para 50% em uma ampla gama de bens. Ainda assim, o índice Nifty 50 praticamente não se mexeu. Para analistas, a reação contida reflete a percepção de que as tarifas fazem parte de uma estratégia de negociação e podem ser revertidas. “Há uma espécie de anestesia. Já vimos medidas anunciadas e depois revertidas”, disse Steve Brice, do Standard Chartered Bank, à CNBC.

Apesar da calma recente, especialistas alertam que a política comercial de Trump ainda carrega riscos estruturais. Hugh Dive, da Atlas Funds, observa que tarifas prolongam a incerteza e podem inibir investimentos, especialmente na indústria.

Ele cita como exemplo o plano de Trump de impor tarifas de 100% sobre chips importados, com exceção de empresas que produzam nos EUA. “Construir uma planta custa centenas de milhões. E se as tarifas forem retiradas em três anos, o investimento pode ter que ser descartado”, afirmou.

Para analistas, mesmo que os mercados no curto prazo tenham se adaptado à volatilidade, a incerteza crônica continua sendo um fator que ameaça decisões de longo prazo e a confiança de investidores.

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