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Super Quarta, IGP-M e conflito Israel-Irã: o que move os mercados

Petróleo oscila com risco de escalada no conflito entre Israel e Irã e segue no radar dos investidores

Jerome Powell discursou no simpósio anual de Jackson Hole (Al Drago/Getty Images)

Jerome Powell discursou no simpósio anual de Jackson Hole (Al Drago/Getty Images)

Publicado em 18 de junho de 2025 às 07h38.

A "Super Quarta" concentra as atenções dos mercados nesta quarta-feira, 18, com decisões de juros no Brasil e nos Estados Unidos.

Enquanto o Federal Reserve (Fed) deve manter a taxa básica no intervalo entre 4,25% e 4,50%, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central chega à reunião dividido. Parte do mercado projeta uma alta residual de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 15%, enquanto outra aposta na manutenção dos juros nos atuais 14,75%, o que marcaria o fim do ciclo de aperto iniciado em setembro do ano passado.

A incerteza sobre a Selic é reflexo de um cenário doméstico misto. De um lado, a inflação mostra sinais de desaceleração e há perda de fôlego na indústria e no varejo. De outro, o PIB do primeiro trimestre veio mais forte, o mercado de trabalho segue resiliente e estímulos como saque do FGTS, crédito consignado e programas habitacionais ajudam a sustentar a demanda.

Além das decisões de política monetária, a quarta-feira também traz uma série de dados importantes. No Brasil, às 8h, a FGV divulga o o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) do segundo decêndio de junho. No período da tarde, às 14h30, será divulgado o fluxo cambial semanal. A decisão do Copom é prevista só para depois das 18h30.

Nos EUA, às 9h30, saem os dados de construções de moradias e os pedidos semanais de auxílio-desemprego. Às 11h30, o mercado acompanha a divulgação dos estoques de petróleo. 

O grande momento do dia começa às 15h, com o anúncio da decisão de juros do Fed, seguido pela coletiva de imprensa do presidente do banco central americano, Jerome Powell, às 15h30.

Bolsas operam com cautela

Nos mercados internacionais, o dia é de cautela, enquanto os investidores aguardam a decisão do Fed e acompanham os desdobramentos do conflito entre Israel e Irã.

Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única. O Nikkei subiu 0,9% em Tóquio e o Kospi avançou 0,74% em Seul. Já a bolsa Hong Kong caiu 1,12%, pressionada pelas tensões geopolíticas, enquanto o ASX 200, na Austrália, recuou 0,12%. Na China, o CSI 300 fechou com leve alta de 0,12%.

Além do conflito no Oriente Médio, os investidores também repercutiram a queda de 1,7% nas exportações do Japão em maio, menor que o esperado, reforçando os sinais de desaceleração econômica no país.

Na Europa, o dia começou com viés mais negativo. Por volta das 7h10 (horário de Brasília), o Stoxx 600 recuava 0,12% e o DAX, de Frankfurt, caía 0,23%. Já o FTSE 100, em Londres, subia 0,21% e o CAC 40, em Paris, avançava 0,11%, com algum alívio vindo da inflação do Reino Unido, que recuou para 3,4% em maio, em linha com as expectativas.

Em Wall Street, os índices futuros operam em leve alta antes da decisão do Fed. O futuro do S&P 500 subia 0,27%, o Nasdaq 100 avançava 0,34% e o futuro do Dow Jones ganhava 0,20%.

Conflito entre Israel e Irã

O pano de fundo do dia segue sendo a escalada das tensões no Oriente Médio, após o ataque surpresa de Israel contra instalações militares e nucleares do Irã na última sexta-feira, 13. A expectativa de que os EUA pudessem entrar diretamente na guerra, com um possível ataque à instalação nuclear de Fordow, manteve os mercados no modo defensivo durante a madrugada.

O conflito chega ao sexto dia, com bombardeios contínuos de ambos os lados e registro de vítimas. Na manhã desta quarta-feira, a Força Aérea de Israel confirmou novos ataques a instalações de centrífugas e fábricas de armas na região de Teerã, como parte de uma ofensiva contra o programa nuclear e a indústria de mísseis do Irã.

A participação dos Estados Unidos segue no centro das atenções. O presidente Donald Trump voltou a exigir “rendição incondicional” do Irã e afirmou que o líder supremo iraniano é um “alvo fácil”.

O mercado de petróleo reflete essa escalada. Após subir cerca de 4% na terça-feira, os preços recuam levemente nesta quarta, ainda sustentados pelo risco de interrupções na oferta global. Por volta das 6h18 (horário de Brasília), o Brent estava cotado a US$ 76,71 por barril, enquanto o WTI era negociado a US$ 75,19.

Agronegócio e setor elétrico no radar

No Brasil, o mercado também acompanha a retomada das exportações de carne de frango após 28 dias de bloqueio sanitário devido a um caso de gripe aviária no Rio Grande do Sul. As negociações com os 21 países que haviam suspendido as compras, incluindo a China, estão sendo retomadas, o que deve aliviar as preocupações do setor no curto prazo.

Por outro lado, o setor elétrico sente os efeitos da decisão do Congresso, que derrubou vetos do presidente Lula e obrigou a contratação de usinas, com custo estimado em R$ 197 bilhões até 2050, segundo cálculos da Abrace. A medida, aprovada após acordo entre governo e parlamentares, deve impactar as contas de luz e pressiona as projeções fiscais de longo prazo.

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