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Sem perspectiva de dividendos extraordinários, Petrobras (PETR4) sofre duplo rebaixamento

Santander e do Bank of America cortam projeção de 'compra' para 'neutra' por queda nos preços do petróleo e riscos regulatórios, com pressão arrecadatória do governo podendo recair sobre a estatal

A cautela é consequência da crescente volatilidade nos preços do petróleo e de um cenário regulatório que pode afetar a rentabilidade da Petrobras e sua política de dividendos. (SOPA Images/Getty Images)

A cautela é consequência da crescente volatilidade nos preços do petróleo e de um cenário regulatório que pode afetar a rentabilidade da Petrobras e sua política de dividendos. (SOPA Images/Getty Images)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 9 de junho de 2025 às 16h29.

Última atualização em 9 de junho de 2025 às 16h44.

A Petrobras (PETR4) recebeu hoje o rebaixamento de “compra” para “neutra” por dois bancos de investimento. O Santander revisou o preço-alvo da ação da estatal, de R$44 para R$38, enquanto o Bank of America (BofA) fez uma redução ainda mais acentuada, de R$42 para R$34.

De acordo com os analistas, a empresa não deve pagar dividendos extraordinários nos próximos anos.

A cautela é consequência da crescente volatilidade nos preços do petróleo e de um cenário regulatório que pode afetar a rentabilidade da companhia e sua política de dividendos. Os papéis da Petrobras chegaram a cair 2,83% nesta segunda-feira, e, por volta das 16h29, recuavam 0,88%, cotado a R$29,37.

A perspectiva negativa do BofA se deve ao aumento dos riscos regulatórios e as incertezas macroeconômicas, devido ao potencial "pacote de petróleo" do governo brasileiro, que inclui medidas para aumentar as receitas fiscais, como o aumento de royalties e a reavaliação de contratos de concessão.

Essas mudanças podem pressionar o fluxo de caixa da Petrobras e reduzir sua capacidade de gerar retornos robustos para os acionistas, aponta o banco.

Além disso, o aumento contínuo da produção pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEC+) está pressionando os preços do petróleo. Analistas alertam que a Petrobras será diretamente afetada por essa persistente queda nos preços.

Apesar de ainda projetar um dividend yield de 12% para 2025, a diferença entre a Petrobras e seus pares no setor tem diminuído, ponderam os analistas. O BofA considera que a estatal não pagará dividendos extraordinários nos próximos anos, uma vez que a política de dividendos pode ser revista devido à baixa rentabilidade da empresa e ao aumento da alavancagem financeira.

Estimativas e eleições 2026

A previsão de Fluxo de Caixa Livre (FCF) da Petrobras para 2025 é de R$ 97,6 bilhões, o que representa uma queda de 21,4% em relação ao ano anterior. O aumento do risco em torno da revisão da política de dividendos é justificado, já que a geração de caixa da empresa pode não ser suficiente para cobrir os dividendos previstos.

O valor projetado para os dividendos ordinários em 2025 é de aproximadamente US$ 7,3 bilhões, resultando em um dividend yield de cerca de 10%, um nível considerado pouco atrativo quando comparado ao histórico da empresa e aos seus pares globais.

Ao longo prazo, a estatal pode encarar outro problema: a alavancagem. O Santander destaca que, caso os preços do petróleo permaneçam baixos por um período prolongado, a empresa deverá evitar pagar dividendos extraordinários, devido ao seu endividamento elevado.

A relação dívida líquida/EBITDA da Petrobras está projetada para atingir 1,6 vezes em 2025, acima da média de seus concorrentes, que geralmente estão abaixo de 1,0 vez.

As projeções de receitas e EBITDA da Petrobras para 2025 e 2026 também foram ajustadas, com base nos resultados do 1T25 e novas variáveis macroeconômicas, como a flutuação do câmbio e o preço do Brent.

O EBITDA ajustado para 2025 deve cair para US$ 38,5 bilhões, com um aumento modesto em 2026, nas contas do Santander. O lucro líquido ajustado é projetado em US$ 15,4 bilhões para 2025 e US$ 14,4 bilhões em 2026.

A variável “eleições 2026” também pode contribuir para as perspectivas da Petrobras. A aprovação do presidente Lula está em queda, e um candidato mais amigável ao mercado poderia impactar positivamente a percepção sobre ações como a Petrobras no futuro”, destacam os analistas do BofA.

Além do fator político, “a empresa pode se beneficiar de novas descobertas de petróleo e ajustes de preços de combustíveis”, avaliam analistas do Santander.

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