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Seca de IPOs: bolsas europeias intensificam disputa enquanto perdem espaço para Wall Street

Bolsas da Europa representam só 8% dos IPOs globais em 2025; Estocolmo lidera com US$ 1,6 bi em emissões

Publicado em 10 de junho de 2025 às 09h12.

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As bolsas de valores europeias estão intensificando a competição por listagens de grandes empresas, em meio a um cenário de escassez de ofertas públicas iniciais (IPOs) na região. Com mercados fragmentados e ações desvalorizadas, a Europa representa apenas 8% das emissões globais em 2025, ante uma média histórica de 16%, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A disputa por IPOs de destaque ficou evidente no caso da Verisure, empresa de segurança avaliada em €20 bilhões. As bolsas de Estocolmo, Amsterdã, Zurique e Londres concorreram pela listagem, com vitória da sueca, graças à história da empresa no país e à força de sua comunidade de investidores, de acordo com fontes familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg.

Agora, a atenção se volta para a norueguesa Visma, gigante de software que pode abrir capital já em 2026, com Amsterdã e Londres entre as finalistas.

Desafios e estratégias

A Europa tem perdido empresas para Wall Street, onde liquidez e avaliações são mais atraentes. Casos como o da britânica Arm (listada em Nova York em 2023) e da sueca Klarna (que planeja IPO nos EUA) pressionam as bolsas regionais a buscar emissões além de seus mercados domésticos.

Para se tornarem mais competitivas, as bolsas europeias adotaram uma série de medidas. A Euronext, que opera Amsterdã, criou um time internacional em Londres para atrair emissoras estrangeiras. A Bolsa de Londres, por sua vez, passou a permitir que ações em outras moedas integrem os índices FTSE.

Já a sueca Nasdaq Estocolmo facilitou listagens duplas nos EUA, enquanto a suíça SIX Group flexibiliza o timing de venda de ações para evitar volatilidade.

Apesar dos esforços, o volume de IPOs segue modesto. Estocolmo lidera em 2025, com emissões de US$ 1,6 bilhão, enquanto a maior operação do ano na Europa arrecadou menos de US$ 1 bilhão.

Impacto econômico e político

Grandes listagens geram taxas para as bolsas, atraem investidores internacionais e podem realocar sedes corporativas, fatores que elevam a disputa por IPOs a uma questão política. A LSE Group, dona da bolsa londrina, destacou aumento no interesse de empresas internacionais, mas sofre com migrações como a da fintech Wise, que planeja listagem em Nova York.

Enquanto isso, a Euronext e a Nasdaq sueca afirmam estar "longe de serem espectadoras", mirando empresas como Visma (avaliada em €19 bilhões em 2023) para reaquecer seus mercados.

Especialistas ressaltam a necessidade estratégica de atrair listagens globais. "Com várias bolsas europeias em contração, vencer essa disputa por IPOs internacionais é questão de sobrevivência", afirmou Martin Steinbach, responsável pelas operações de IPO da EY na região da Europa, Oriente Médio e África.

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