Nvidia: empresa é considerada um termômetro do mercado (VCG/VCG/Getty Images)
Redatora
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 07h07.
Os investidores começam a semana focados no próximo grande teste para as bolsas globais: o balanço da Nvidia. A gigante de chips divulga os resultados do segundo trimestre do ano fiscal de 2026 nesta quarta-feira, 27, após o fechamento do mercado, em meio à euforia com inteligência artificial que tem sustentado a alta recente das ações.
Na última sexta-feira, o índice americano S&P 500 interrompeu uma sequência de cinco quedas e fechou a menos de dois pontos do recorde, impulsionado pelas declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americanp), Jerome Powell, sobre a trajetória dos juros.
Agora, os investidores esperam que os números da Nvidia confirmem que o rali das ações de inteligência artificial não é apenas uma bolha do mercado de tecnologia.
A Nvidia tem quase 8% de peso no S&P 500 e ocupa posição central no desenvolvimento de IA, sendo considerada um termômetro do mercado. 40% da receita da empresa vem de Meta, Microsoft, Alphabet e Amazon, o que faz do balanço e das projeções da companhia um evento central para Wall Street.
Não se trata de um balanço totalmente imprevisível. Os grandes clientes da Nvidia reportaram resultados sólidos nesta temporada, com promessas de manter bilhões de dólares em investimentos de capital, o que é positivo para a fabricante de chips.
Analistas de Wall Street projetam lucro ajustado de US$ 1,01 por ação no segundo trimestre fiscal, alta de 48% na comparação anual, e receita acima de US$ 46 bilhões — avanço de 54%.
Um resultado forte pode impulsionar os papéis e o mercado como um todo. Mas qualquer frustração, real ou percebida, pode interromper o rali e pesar nas bolsas. Operadores de opções precificam oscilação de 6% para cima ou para baixo, segundo dados da Bloomberg.
Mesmo com a perspectiva de juros menores favorecendo ações de crescimento, persistem preocupações sobre as altas avaliações do mercado. O S&P 500 negocia a 22 vezes o lucro projetado, acima da média de 10 anos, de 19 vezes.
Já a Nvidia está em cerca de 34 vezes, abaixo da média de cinco anos de 39. “As avaliações estão em níveis estratosféricos”, disse Eric Beiley, diretor executivo de gestão de patrimônio na Steward Partners, em entrevista à Bloomberg.
“Mesmo assim, os investidores continuam ignorando isso, esperando que essas queridinhas da IA sigam entregando resultados estelares", afirma Beiley.
Um dos principais pontos de atenção é a venda de produtos na China. O governo Trump recentemente autorizou Nvidia e AMD a retomar vendas no país desde que repassem 15% das receitas ao governo dos EUA.
Pequim, no entanto, incentivou empresas locais a evitar o chip H20 da Nvidia, projetado para o mercado chinês, levando a companhia a suspender a produção, segundo o site The Information.
Apesar dos riscos, os analistas continuam otimistas. Na última semana, ao menos nove dos 79 que cobrem a companhia elevaram os preços-alvo, levando a média a mais de US$ 194, o que implica potencial de valorização de cerca de 9% sobre o fechamento de sexta, a US$ 178.