Diminuição de tarifas, aumento de depósitos de varejo de baixo custo e avanço na penetração do crédito entre consumidores e pequenas e médias empresas. Esses são alguns dos impactos do Pix no Brasil, segundo relatório da Moody’s.
Lançado no final de 2020 pelo Banco Central, o Pix se consolidou como modelo de sucesso na redução dos custos de transação e na inclusão financeira, registrando 359 transações per capita em 2024 — mais que o dobro da média de 136 em outros países da América Latina.
A agência demonstrou que nos primeiros dois anos, 71 milhões de brasileiros, ou mais de 40% da população adulta, realizaram sua primeira transferência bancária via Pix.
Desde então, o comportamento dos consumidores mudou. Os saques em dinheiro caíram 24%, enquanto os depósitos bancários mais que dobraram.
Com a migração para pagamentos digitais, os bancos passaram a dispor de mais dados sobre clientes e empresas, reforçando modelos de crédito e ampliando o acesso ao crédito, ainda baixo, para consumidores e PMEs.
Entre 2019 e 2023, o percentual de adultos com empréstimos bancários subiu de 62,8% para 69,2%, impulsionado pela maior disponibilidade de dados trazida pelo Pix. Em 2024, o volume de pagamentos Pix de pessoa para empresa (P2B) igualou o dos cartões de crédito e foi 2,5 vezes maior que o dos cartões de débito.
Novas funcionalidades, como NFC e Pix parcelado, devem acelerar essa tendência.
Redução de agências e queda nos pagamentos com cartão
A diminuição do uso de dinheiro permitiu aos bancos cortar custos operacionais e reduzir o número de agências físicas em 13% entre 2020 e 2024. Hoje, mais de 900 instituições oferecem o Pix, sendo que 11 das 20 maiores em número de contas são bancos sem agências físicas. No mesmo período, os pontos de venda, com custos menores, cresceram 42%.
A relação custo/receita média dos bancos brasileiros avaliados caiu de 57% em 2019 para 49% em 2024, impulsionada por uma transformação digital consistente.
A expansão dos sistemas de pagamento instantâneo na América Latina amplia depósitos e mercados, mas pressiona receitas com cartões e tarifas de conta, além de intensificar a concorrência de instituições não bancárias.
A receita dos cinco maiores bancos brasileiros com tarifas de conta corrente caiu de 7,2% para 4,6% da receita líquida entre 2019 e 2024. A substituição de transações rentáveis por pagamentos gratuitos, junto à entrada de concorrentes digitais, aumenta a pressão sobre os bancos tradicionais.