Alphabet: Ações subiram cerca de 16% desde que o Nasdaq atingiu seu pico em 29 de outubro. (Josh Edelson/AFP)
Repórter de Mercados
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 13h21.
Uma pesquisa do Bank of America mostrou que pelo menos 45% dos gestores estão preocupados com uma "bolha de IA", citando ela como o principal risco para a economia e para os mercados. O mês foi brutal para as ações intimamente ligadas à corrida da inteligência artificial.
No acumulado de novembro até a última sexta-feira, 21, o índice Nasdaq, com forte presença de empresas de tecnologia, havia recuado mais de 6%.
A Alphabet (empresa que controla o Google), no entanto, contrariou a tendência. As ações subiram cerca de 16% desde que o Nasdaq atingiu seu pico em 29 de outubro.
Soma-se a isso uma valorização que começou no início de setembro, quando a companhia obteve uma decisão judicial que pôs fim às preocupações com uma possível divisão forçada imposta pelo governo. A decisão permitiu que o Google mantivesse o controle do navegador Chrome e do sistema operacional Android.
No mesmo período, Microsoft, Oracle, Nvidia e Meta registraram quedas de dois dígitos nos preços de suas ações. Isso faz da controladora do Google, avaliada em US$ 3,8 trilhões, a terceira empresa mais valiosa do mundo, depois da Nvidia e da Apple.
Uma publicação do The Wall Street Journal atribui o sucesso da Alphabet ao fato de que, mesmo dando passos importantes na corrida da IA, a empresa mantém seu negócio principal funcionando a pleno vapor. A maior parte de sua receita anual de US$ 385 bilhões vem de publicidade, conforme o último balanço divulgado.
Para o jornal americano, isso transforma o Google numa combinação de OpenAI e Microsoft, com toques de Nvidia.
Uma vantagem importante do Google no campo da inteligência artificial é que ele ainda é responsável por 90% das buscas na internet em todo o mundo, proporcionando uma distribuição incomparável para seus modelos de IA.
Uma pesquisa da TD Cowen revelou que 26% dos entrevistados usaram o Gemini do Google durante o mês de outubro, em comparação com 35% que usaram o ChatGPT. O uso do Gemini, no entanto, aumentou 2 pontos percentuais em relação a julho. Enquanto isso, o do ChatGPT caiu 1 ponto percentual no mesmo período.
Apesar de uma recente emissão de títulos no valor de US$ 25 bilhões, a Alphabet possui um nível de endividamento relativamente menor do que suas concorrentes do setor de tecnologia, conferindo flexibilidade para aumentar sua alavancagem sem assumir riscos substanciais.
A controladora do Google é a que possui o maior saldo de caixa líquido de dívidas. A CreditSights estima que a dívida total da Alphabet, incluindo as obrigações de arrendamento, seja de apenas 0,4 vezes seus lucros antes dos impostos, em comparação com 0,7 vezes para a Microsoft e a Meta.
Negociadas a cerca de 29 vezes o lucro projetado, as ações da Alphabet estão mais caras do que estiveram em anos, embora estejam em linha com o Nasdaq e a maioria das outras gigantes da tecnologia.