Repórter
Publicado em 20 de novembro de 2025 às 21h00.
O banco Morgan Stanley anunciou nesta quinta-feira que retirou sua projeção de corte de 0,25 ponto percentual nos juros pelo Federal Reserve, em dezembro, após a divulgação de um relatório de empregos mais forte do que o esperado em setembro, o que sinalizou uma economia dos EUA mais forte do que o esperado.
Os dados, que deveriam ter sido divulgados em 3 de outubro, foram adiados devido ao shutdown de 43 dias do governo dos Estados Unidos. Foi a maior paralisação do tipo na história dos EUA.
Com o novo cenário, o Morgan Stanley projeta cortes de juros apenas em 2026 — nos meses de janeiro, abril e junho —, levando a taxa básica para o intervalo de 3% a 3,25%.No mercado, operadores mantêm apostas de que o Fed não reduzirá os juros em dezembro, embora tenha registro de um leve recuo nessas expectativas após a divulgação do relatório de empregos.
Segundo o Departamento do Trabalho, as folhas de pagamento para empregos não agrícolas cresceram em 119 mil postos, revertendo a queda revisada de 4 mil em agosto. A expectativa de economistas consultados pela Reuters era de 50 mil novas vagas.
Apesar da recuperação, a taxa de desemprego subiu para 4,4% em setembro, o maior nível em quatro anos. Para estrategistas do Morgan Stanley, o “forte e amplo” avanço nos empregos sugere que a desaceleração registrada no verão pode ter sido superestimada.
Inflação ainda distante da meta, mercado de trabalho desaquecido. Foi com esses dois temas que os membros do Fomc, o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve, trabalharam na decisão que reduziu os juros da economia americana em mais 0,25 ponto percentual no mês passado. O comunicado e a fala do chairman Jerome Powelll à época já mostravam um colegiado dividido, já que não foi uma decisão unânime. Uma dissidência votou por um corte ainda maior, enquanto outra defendeu a manutenção da taxa.
A ata com os detalhes da reunião, divulgada nesta quarta-feira, 19, não só recapitula o que embasou a decisão passada como joga luz sobre a próxima, a ser tomada em dezembro. Ou melhor, adiciona mais incerteza ao que será feito.
"Ao discutir o curso da política monetária no curto prazo, os participantes expressaram pontos de vista bastante diferentes sobra qual decisão seria mais apropriada na reunião de dezembro", diz a ata. A maioria do colegiado julgam apropriada uma nova redução em dezembro, mas "muitos indicaram não ver necessariamente como apropriado um outro corte de 25 pontos-base".
O documento também aponta que uma parte do colegiado espera dados que mostrem uma evolução da economia para justificar um novo corte. Porém, na atual conjuntura, alguns diretores acreditam que não há porque mexer mais nos juros em 2025.