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Para CEO da Nvidia, crescimento no setor de IA deve continuar — e atingir trilhões nos próximos anos

Receita prevista para o 3º trimestre fiscal é de US$ 54 bilhões, abaixo das projeções mais otimistas de Wall Street

Publicado em 28 de agosto de 2025 às 06h58.

A Nvidia, hoje a empresa mais valiosa do mundo, sinalizou que o seu ritmo de crescimento pode estar perdendo força depois de dois anos de explosão nos investimentos em inteligência artificial (IA). Mas, mesmo assim, para Jensen Huang, CEO da companhia, os gastos e oportunidades no setor devem se expandir para um mercado multi-trilionário nos próximos cinco anos.

"Uma nova revolução industrial começou. A corrida da IA ​​começou", disse Huang. "Prevemos entre US$ 3 trilhões e US$ 4 trilhões em investimentos em infraestrutura de IA até o final da década."

A companhia projetou vendas de US$ 54 bilhões no terceiro trimestre fiscal, em linha com a média das estimativas de Wall Street, mas distante das apostas mais otimistas, que superavam US$ 60 bilhões.

O executivo também destacou a possibilidade de levar a nova geração de chips Blackwell ao mercado chinês, caso receba aprovação de Washington. A aposta poderia destravar uma oportunidade estimada em US$ 50 bilhões no país.

A companhia também anunciou um novo programa de recompra de ações, de US$ 60 bilhões, além dos US$ 14,7 bilhões ainda disponíveis no plano anterior.

O anúncio repercutiu no mercado. As ações da empresa caíram 1,84% no pré-mercado em Nova York nesta quinta-feira, 28, mesmo após acumularem alta de 35% no ano e levarem o valor de mercado da companhia a mais de US$ 4 trilhões.

Resultados bons, mas nem tanto

No trimestre encerrado em 27 de julho, a Nvidia registrou faturamento de US$ 46,7 bilhões, avanço de 56% na comparação anual. O lucro por ação ajustado foi de US$ 1,05, acima da expectativa de US$ 1,01.

Embora tenha adicionado mais de US$ 16 bilhões em receita trimestral na base anual, o aumento representou o menor percentual de alta em mais de dois anos.

O destaque foi a divisão de data centers, que faturou US$ 41,1 bilhões — cifra próxima da projeção de analistas. A unidade de games somou US$ 4,29 bilhões, acima do esperado, enquanto a área automotiva ficou em US$ 586 milhões, abaixo das previsões.

China segue como incerteza

O desempenho da companhia ainda é afetado pelas restrições comerciais entre Estados Unidos e China.

Em abril, o governo Trump impôs limites para exportação de processadores e chips, o que reduziu as vendas da Nvidia no mercado chinês. Apesar de Washington ter flexibilizado parte das regras mais recentemente, a recuperação das receitas ainda não aconteceu.

A empresa informou que não contabilizou vendas do chip H20 para clientes chineses no segundo trimestre — uma perda de cerca de US$ 4 bilhões em relação ao período anterior. Para os próximos meses, a projeção é de embarques entre US$ 2 bilhões e US$ 5 bilhões, caso consiga licenças do governo americano.

Ainda assim, a política dos EUA segue em aberto. A Casa Branca cogita exigir 15% da receita dos chips de IA vendidos à China. Segundo a própria Nvidia, o modelo poderia gerar disputas legais, elevar custos e favorecer concorrentes não sujeitos à regra.

Desafios no horizonte

Apesar da posição dominante no fornecimento de chips de IA, analistas ouvidos pela Bloomberg veem sinais de cautela. Segundo a Emarketer, os grandes operadores de data centers podem “apertar os gastos nas margens se os retornos de curto prazo da IA não ficarem claros”.

Outro risco é a dependência de poucos clientes. Gigantes como Microsoft e Amazon respondem por cerca de metade das vendas da Nvidia, deixando a receita altamente concentrada. Além disso, a companhia enfrenta limitações de oferta, já que não possui fábricas próprias e depende da produção terceirizada, sobretudo da Taiwan Semiconductor Manufacturing (TSMC).

Há também uma corrida tecnológica em andamento. Amazon desenvolve chips próprios, e rivais como AMD buscam espaço nesse mercado bilionário, ainda que sem impacto relevante até agora. Mesmo assim, qualquer avanço de concorrentes ou mudanças nas restrições regulatórias pode mexer na liderança quase absoluta da Nvidia.

Ainda assim, o CEO Jensen Huang afirma que a oportunidade de crescimento permanece “imensa” e que a meta é acelerar a adoção da inteligência artificial em toda a economia.

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