O preço do ouro voltou a bater recordes nesta segunda-feira, 13, impulsionado por apostas em ativos de proteção após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, renovar ameaças tarifárias contra a China, enquanto as expectativas de cortes de juros nos EUA aumentaram a atratividade do metal.
Ao mesmo tempo, o Bank of America (BofA) elevou sua projeção para a commodity a US$ 5.000 por onça em 2026, com média estimada de US$ 4.400 no ano.
Nesta manhã, o ouro à vista subia 1,9%, negociado a US$ 4.093,39 por onça, depois de tocar a máxima histórica de US$ 4.096,35. Os contratos futuros para dezembro avançavam 2,8%, a US$ 4.113,40.
Na semana passada, o metal já havia ultrapassado o patamar simbólico de US$ 4 mil pela primeira vez.
Tensão comercial e juros em queda
O movimento de alta ganhou força depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a ameaçar tarifas adicionais sobre importações chinesas, reacendendo preocupações sobre a relação entre as duas maiores economias do mundo.
“Ralis do ouro e da prata acontecem quando investidores estão preocupados com a situação econômica ou política global”, disse Jeffrey Christian, sócio da consultoria CPM Group, à Reuters.
Além da tensão comercial, 97% dos investidores apostam em um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica pelo Federal Reserve (Fed) em outubro — e veem 100% de probabilidade de nova redução em dezembro, segundo dados do FedWatch. O ambiente de juros mais baixos costuma favorecer o ouro, um ativo que não rende juros.
Previsões elevadas para ouro e prata
Com a disparada dos preços e a forte demanda, o BofA se tornou o primeiro grande banco a projetar US$ 5.000/oz para o ouro em 2026.
A instituição também prevê que a prata alcance US$ 65/oz, com média de US$ 56,25, mesmo diante de um recuo de 11% na demanda projetada para o próximo ano.
O banco estima que um aumento adicional de 14% na demanda por investimento — ritmo semelhante ao observado em 2025 — seria suficiente para levar o ouro ao patamar previsto. Para chegar a US$ 6.000, seria necessário um avanço de 28%.
“A política econômica não convencional da Casa Branca deve continuar sustentando o ouro, considerando os déficits fiscais, o aumento da dívida, os planos para reduzir o déficit em conta corrente e os fluxos de capital, além da intenção de cortar juros com a inflação em torno de 3%.”
Prata renova recorde
A prata acompanhou o rali do ouro e também atingiu máxima histórica, cotada a US$ 51,91/oz, com pico intradiário de US$ 52/oz. A alta foi impulsionada por estoques apertados no mercado à vista e pela transferência de volumes de Londres para Nova York — movimento que reduziu a oferta imediata e elevou taxas de leasing.
O banco Goldman Sachs alertou, contudo, que a alta pode vir acompanhada de maior volatilidade no curto prazo.
Platina e paládio também avançaram nesta sessão, com altas de 4% e 4,3%, respectivamente.
Apesar do otimismo de longo prazo, analistas alertam que correções de curto prazo são prováveis. “Diante dos diversos fatores de sustentação e da curta duração das quedas recentes, o rali tem fôlego. Mas um ajuste seria saudável para manter a tendência de alta no longo prazo”, afirmou Suki Cooper, chefe global de pesquisa de commodities do Standard Chartered Bank.
Desde o início do ano, o ouro acumula alta de 56%, impulsionado por fatores econômicos, tensões geopolíticas e compras robustas de bancos centrais — consolidando-se como um dos ativos mais procurados de 2025.