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O IPO saudita que deve impactar o dólar e as ações da Petrobras

A venda de uma fatia da empresa pelo governo saudita deve movimentar 75 bilhões de dólares

IPO da Saudi Aramco: mudança no fluxo de investimento global (Kostas Tsironis/Bloomberg)

IPO da Saudi Aramco: mudança no fluxo de investimento global (Kostas Tsironis/Bloomberg)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 1 de março de 2018 às 14h44.

Última atualização em 1 de março de 2018 às 14h46.

O potencial maior IPO do mundo, da Saudi Arabian Oil Co. (Aramco), deve ter pelos menos dois efeitos imediatos sobre o mercado brasileiro: impacto no câmbio e nas ações da Petrobras. A venda de uma fatia da empresa pelo governo saudita, prevista para o final deste ano ou início do próximo, deve movimentar cerca de US$ 75 bilhões e provocar mudança no fluxo de investimento global.

Os investidores podem ter de vender parte de sua posição na Petrobras para acomodar uma estreante de tal magnitude. “Há o medo de todos de que o IPO possa tirar recursos investidos em companhias de petróleo de países emergentes, como o Brasil”, disse Luiz Francisco Caetano, analista da Planner Corretora.

A liquidez global tem beneficiado a bolsa brasileira neste ano. O saldo de investimento estrangeiro em 2018 estava positivo em R$ 6,8 bilhões até 26 de fevereiro, segundo dados da B3, após o recorde em janeiro (R$ 9,55 bilhões).

“Talvez a maior impactada seja a Petrobras, com o maior competidor global sendo listado em bolsa e claramente pelos efeitos comparativos em termos tanto operacionais como financeiros”, diz Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.

A Petrobras não quis fazer comentários sobre o IPO da empresa saudita de petróleo, segundo sua assessoria de imprensa.

Efeitos no câmbio

O governo saudita ainda não definiu em que bolsa irá fazer a oferta pública da Aramco. O país que receber a empresa pode ditar uma nova guerra de forças cambial. Ao atrair um grande número de investidores para a bolsa escolhida, a Aramco também vai direcionar o fluxo de capital para aquela região.

A consultoria Eurasia aponta que os EUA fornecem um guarda-chuva de defesa importante para o reino e Riyadh procura manter esses elos de segurança nacional. Ao mesmo tempo, um relacionamento forte com a Europa é importante para o comércio e investimentos, além de impedir o Irã de expandir sua influência política no Oriente Médio.

"Listar a Aramco nas bolsas de valores de Nova York ou Londres aprofundaria esses links e aumentaria os compromissos com a segurança saudita e a estabilidade do regime”, disse a consultoria Eurasia em relatório assinado por Ayham Kamel.

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