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Nissan reforça aliança com Renault e Mitsubishi em meio à maior reestruturação da década

Em entrevista ao Nikkei Asia, o executivo mexicano disse que aliança segue forte e que foco agora é na reestruturação da Nissan

Publicado em 16 de junho de 2025 às 09h48.

O CEO da Nissan, Ivan Espinosa, afirmou que a aliança da montadora japonesa com Renault e Mitsubishi segue sólida, mesmo após a redução das participações acionárias e mudanças no conselho das empresas. Em entrevista ao jornal Nikkei Asia, o executivo disse que as parcerias continuam essenciais para a estratégia da companhia, que passa por uma ampla reestruturação.

Desde abril no comando da Nissan, Espinosa tem como missão implementar o plano Re:Nissan, que prevê corte de 20 mil empregos e redução de sete fábricas até 2028. As medidas vêm após a montadora registrar um prejuízo líquido de 670,8 bilhões de ienes, cerca de US$ 4,6 bilhões, no ano fiscal encerrado em março de 2025.

No centro das especulações está a decisão conjunta, tomada em março, de reduzir a participação cruzada mínima entre Nissan e Renault de 15% para 10%. A Nissan também diminuiu sua fatia na Mitsubishi de 34% para 26,67% no mesmo período.

Apesar disso, Espinosa rejeita a ideia de que a aliança esteja enfraquecida. Segundo ele, os ajustes acionários têm como objetivo dar mais flexibilidade às empresas, que continuam desenvolvendo projetos conjuntos.

Na prática, a Nissan planeja utilizar tecnologias híbridas da Mitsubishi em seus novos modelos e produzir veículos elétricos para a parceira com base no projeto do Leaf. Além disso, a venda de 51% de uma fábrica na Índia para a Renault faz parte da estratégia da montadora japonesa de cortar custos fixos, sem abrir mão da colaboração produtiva no país.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de venda de parte da participação na Renault, Espinosa confirmou que o movimento está em análise, mas reforçou que não significa ruptura na aliança. Uma eventual venda de 5% poderia render cerca de 100 bilhões de ienes, cerca de US$ 640 milhões, que seriam direcionados ao desenvolvimento de novos veículos.

O executivo destacou que o redimensionamento da empresa é inevitável diante de desafios como tarifas comerciais nos Estados Unidos, tensões geopolíticas e a crescente concorrência das montadoras chinesas.

Ele reconheceu que a Nissan tentou aumentar o volume de vendas no passado, sem sucesso. As vendas, que chegaram a 5,7 milhões de unidades em 2017, recuaram para 3,35 milhões no último exercício fiscal.

Apesar dos desafios, o CEO demonstrou confiança na capacidade de recuperação da empresa. Ele citou que a Nissan já superou crises anteriores, como o terremoto no Leste Asiático em 2011, e acredita que a maior consciência sobre custos e agilidade dentro da companhia vai acelerar o processo de transformação.

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