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Maioria do mercado já aposta em manutenção de juros nos EUA em dezembro

A probabilidade de que o Fed reduza novamente os juros nos EUA, para o intervalo de 3,50% a 3,75% ao ano, caiu nesta quinta-feira, 19, para 30,7%

Jerome Powell: presidente do Federal Reserve disse que ativos estão bastante valorizados e cenário de cortes segue incerto (Chip Somodevilla/Getty Images)

Jerome Powell: presidente do Federal Reserve disse que ativos estão bastante valorizados e cenário de cortes segue incerto (Chip Somodevilla/Getty Images)

Publicado em 19 de novembro de 2025 às 17h46.

Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 18h06.

O mercado elevou as apostas de que o Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos Estados Unidos, manterá os juros entre 3,75% e 4% em dezembro, projeção que hoje reúne quase 70% das probabilidades, segundo a ferramenta FedWatch do CME Group.

Há um mês, nenhum profissional do mercado apostava nessa hipótese. Ela chegou a subir na semana passada, com quase 38% apontando nessa possibilidade. Ainda assim, a maioria dos operadores financeiros (62,9%) viam mais chance de um terceiro corte de 0,25 pontos percentual.

A possibilidade, no entanto, de que a última reunião do BC dos EUA confirme a manutenção dos juros no atual patamar aumentou consideralvelmente nesta quarta-feira, 19, após a divulgação da ata da autoridade monetária.

No documento que traz detalhes do último corte de 0,25 ponto percentual, em 29 de outubro, o Comitê de Mercado Aberto do Federal Reserve (Fomc) mostra-se dividido, já que a última decisão não foi unânime e as divergências sobre os próximos passos são ainda maiores.

Com isso, a chance de que a taxa cai para o intervalo de 3,50% a 3,75% despencou para 30,7%, na ferramenta do CME, após ter alcançado 93,7% há um mês. A maioria do colegiado julga apropriada uma nova redução em dezembro, mas "muitos indicaram não ver necessariamente como apropriado um outro corte de 25 pontos-base".

Não há garantias de um novo corte, dizem especialistas

André Valério, economista sênior do Banco Inter, chama atenção, principalmente para a escolha da linguagem utilizada.

O especialista cita que, em um trecho, alguns membros veem a possibilidade de uma nova redução em dezembro, caso a economia evolua como esperado. Mas, em outro momento, outras autoridades monetárias afirma que consideram apropriado manter a taxa de juros inalterada pelo restante do ano.

"Isso sugere que há mais integrantes inclinados a defender a manutenção do juro na reunião de dezembro do que um novo corte. No entanto, não há garantia de que todos os que estão no campo da manutenção sejam membros votantes. Diante disso, tudo indica que a decisão de dezembro será bastante dividida, com elevada dissidência", diz Valério.

A avaliação de Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, é de que a ata do Fomc diminuiu a aposta de um terceiro corte de juros em dezembro. Mas ressalta que "a reunião ocorreu em outubro, e muito mudou no cenário macro desde então, incluindo o término do shutdown e a expectativa de acesso a novos dados essenciais para a tomada de decisão", afirma Zogbi.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue destaca que a ata do Fed é "totalmente inconclusiva" e apenas reforça o cenário de incerteza para a decisão de juros de dezembro. O texto mostra grande divergência entre os dirigentes e alinha-se ao discurso recente do BC de que as decisões serão tomadas "reunião a reunião".

"Os dirigentes estão ajustando as expectativas do mercado com esses comentários, ressaltando que as decisões vão ser tomadas meeting a meeting. E a ata só reforçou isso da indefinição em relação à decisão de juros. Dez votaram a favor do corte [no mês passado], parece que há bastante divergência. A ata embute esse cenário de dúvida para a decisão de dezembro", disse Alves.

 

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