A Magalu também enfrentou uma queda nas vendas de e-commerce, com uma redução de 2,1% nas vendas online no comparativo anual (Divulgação)
Repórter de mercados
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 18h52.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 19h20.
Os resultados financeiros do Magazine Luiza (MGLU3) no segundo trimestre de 2025 ficaram abaixo das expectativas de analistas de mercado. A empresa registrou prejuízo de R$ 24,4 milhões, enquanto o Itaú BBA estimava R$ 17 milhões. O BTG Pactual (mesmo grupo de controle da EXAME) estava mais otimista e esperava prejuízo de R$ 9 milhões.
A taxa Selic de 15% foi apontada como o principal fator de impacto nas operações da varejista. Vanessa Rossini, diretora de Relações com os Investidores, destaca que "o maior impacto neste trimestre foi a Selic elevada", que em 2024 estava em 10,5%.
A empresa realizou uma captação de US$ 50 milhões em abril como parte de um acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a International Finance Corporation (IFC). Como resultado, a Magalu fez uma provisão adicional de R$ 26,5 milhões para cobrir a carteira renegociada do CDC (Crédito Direto ao Consumidor), refletindo o risco de inadimplência com a renegociação de dívidas.
O Magalu também enfrentou uma queda nas vendas de e-commerce, com redução de 2,1% nas vendas online no comparativo anual. O marketplace foi o segmento mais afetado, registrando recuo de 6,4%. Esse resultado é reflexo da estratégia da empresa de priorizar rentabilidade ao invés de volume de vendas, com foco em produtos de tíquete médio mais alto, o que impacta negativamente o marketplace, que geralmente vende itens de menor valor. “O marketplace, com produtos de tíquete médio menor, acaba sendo mais impactado pela nossa estratégia de rentabilidade”, explica Vanessa Rossini.
Por outro lado, as lojas físicas mostraram um desempenho positivo. As vendas totais das lojas físicas chegaram a R$ 4,7 bilhões, com crescimento de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, apesar dos impactos das cheias no Rio Grande do Sul. "Ao desconsiderar o efeito das cheias, o crescimento das vendas nas mesmas lojas foi de 5,2%", diz Rossini. No critério de mesmas lojas (unidades abertas há pelo menos 12 meses), o crescimento foi de 3,5%, abaixo da expectativa do Itaú BBA, que previa 5%.
A diretora de RI também ressaltou o potencial de crescimento da loja física, dado que o market share do Magalu neste canal é inferior a 20%, indicando amplo espaço para expansão.
A diretora mencionou que a “Galeria Magalu” a nova loja conceito anunciada em agosto de 2024, que será aberto na galeria Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, tem previsão de abertura no final do ano.
Apesar do prejuízo líquido, o Ebitda ajustado do Magalu foi de R$ 726,7 milhões, um crescimento de 2,3% em relação ao ano passado, superando as estimativas do BTG de R$ 712 milhões. A margem Ebitda foi de 8%, com um pequeno aumento de 0,1 ponto percentual (p.p.) comparado ao ano anterior, refletindo o foco da companhia em rentabilidade.
Outro ponto positivo foi a geração de caixa operacional, que atingiu R$ 596,9 milhões no trimestre, totalizando R$ 2,6 bilhões nos últimos 12 meses. Além disso, a redução de estoques de R$ 150 milhões foi um fator importante para o controle de custos.
A receita líquida subiu 1,4% na comparação anual, de R$ 9 bilhões para R$ 9,13 bilhões.
A margem bruta apresentou queda de 0,4 p.p. em relação ao ano anterior, impactada pelas liquidações de meio de ano, mas o impacto foi considerado pontual.
A redução foi parcialmente compensada por uma diminuição de 0,3 p.p. nas despesas operacionais e pelo forte desempenho da Luizacred, a joint venture com o Itaú. A Luizacred teve lucro líquido de R$ 102 milhões, aumento de 43,7% em relação ao ano anterior, com um ROE anualizado de 19%.