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Investidores aumentam proteção contra dólar em meio a incertezas sobre políticas de Trump

Adoção crescente de hedge já responde por 80% das aplicações recentes em fundos de ações dos EUA e pressiona ainda mais a moeda americana

Bolsas americanas: juros elevados pressionam o rendimento dos índices nos EUA e ao redor do mundo (Leandro Fonseca/Exame)

Bolsas americanas: juros elevados pressionam o rendimento dos índices nos EUA e ao redor do mundo (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 18 de setembro de 2025 às 05h55.

Investidores estrangeiros que têm aplicaões em ações e títulos dos Estados Unidos estão ampliando a proteção contra oscilações do dólar, movimento que se intensificou com a agenda econômica e comercial do presidente Donald Trump.

De acordo com o Deutsche Bank, pela primeira vez em quatro anos os investimentos com hedge superaram as posições sem cobertura. Segundo o Financial Times, analistas afirmam que os investidores voltaram a comprar ativos norte-americanos, mas buscam reduzir a exposição cambial.

Hedge em alta

Cerca de 80% dos US$ 7 bilhões aplicados em fundos listados nos EUA (e registrados no exterior) foram feitos com hedge nos últimos três meses. No início do ano, esse percentual era de 20%. Esse comportamento contribuiu para a queda de mais de 10% do dólar em relação a uma cesta de moedas, elevando o euro ao maior nível em quatro anos, acima de US$ 1,18.

Gestores apontam que investidores querem se beneficiar do avanço de setores como o de inteligência artificial em Wall Street, mas não desejam assumir o risco da moeda.

Impactos no mercado

Uma pesquisa do Bank of America realiza neste mês mostrou que 38% dos gestores globais aumentaram a proteção contra um dólar mais fraco, contra apenas 2% que se protegeram de uma valorização.

Segundo analistas, essa demanda por hedge pode aprofundar a desvalorização do dólar, especialmente com dados econômicos mais fracos nos EUA.

Fundos de pensão na Austrália, Dinamarca e Holanda ampliaram a cobertura cambial neste ano. Somente os dinamarqueses reduziram em US$ 16 bilhões a exposição não protegida à moeda americana até junho.

Instituições financeiras citam contratos de derivativos como principal instrumento para fixar taxas futuras, aproveitando a queda das taxas de juros nos EUA, que barateou o custo da proteção.

Especialistas avaliam que, se o movimento continuar, o dólar pode enfrentar novas pressões de baixa, mesmo diante da força recente das bolsas americanas.

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