Ibovespa acumula alta de mais de 20% no ano até agora (Germano Lüders/Exame)
Redação Exame
Publicado em 31 de outubro de 2025 às 10h28.
Última atualização em 31 de outubro de 2025 às 18h20.
O Ibovespa fechou alta o último pregão da semana e renovou pela quinta vez no dia a pontuação recorde no intraday, alcançando ainda a maior máxima histórica de fechamento pelo oitavo pregão seguido. O índice avançou 0,51%, aos 149.540, após chegar a uma máxima intradiária de 149.561 por volta das 15h40.
Com isso, o principal índice acionário do mercado brasileiro encerra o mês com alta de 2,26% e acumula ganhos de 2,30% na semana.
"O avanço é sustentado por um fluxo estrangeiro. Também houve valorização das commodities e a expectativa de estabilidade na política monetária por aqui. A sequência desses recordes, desde maio, sugere que o índice pode sim estar ensaiando um famoso rali de final de ano, especialmente se os dados macroeconômicos continuarem favoráveis e se os balanços mantiverem esse ritmo positivo", disse Marcelo Boragini, especialista em renda variável na Davos Investimentos.
O desempenho positivo foi puxado pela alta dos papéis da Vale (VALE3). ação de maior peso na composição do Ibovespa. Após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre, na noite de ontem, que vieram acima do esperado pelo mercado, as ações abriram o dia em leve alta, mas ampliaram os ganhos após o CFO da Vale, Marcelo Bacci, declaram como provável a distribuição de dividendos extraordinários nos próximos meses.
O lucro da companhia cresceu 11% no terceiro trimestre de 2025, para US$ 2,7 bilhões. A Vale registrou crescimento de resultado operacional tanto em minério de ferro quanto em metais. Os papéis da mineradora subiram 2,27%.
"Esse desempenho [do Ibovespa] está muito motivado pela queda dos juros futuros. Ele estimula bastante as ações, especialmente as de setores mais cíclicos. Segundo ponto é que estamos em temporada de resultados e eles têm vindo muito bons. A Vale pesa bastante no índice e demonstrou um resultado muito expressivo, com receitas recordes dos últimos tempos, isso acaba afetando positivamente o índice", afirmou Alexandre Pletes, Head de Renda Variável na Faz Capital.
De acordo com os analistas, os resultados positivos de grandes empresas dos Estados Unidos, como Apple e Amazon, junto com o corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, aumentaram o otimismo global e o apetite por risco entre investidores.
Com juros menores no país, parte do capital tende a migrar de mercados desenvolvidos para emergentes, em busca de maior retorno. "Temos um diferencial de juros muito grande", disse Pletes.
Por outro lado, foi um dia ruim para o minério de ferro, que fechou em baixa tanto em Dalian, na China, quanto em Singapura, mercados de referência da commodity. O petróleo, novamente em baixa no mercado internacional, exerceu uma pressão negativa para Petrobras (PETR3;PETR4), a segunda empresa de maior peso na carteira do Ibovespa. O desempenho se tornou um obstáculo para a bolsa brasileira chegar aos sonhados 150 mil pontos.
O dólar fechou praticamente estável, com ligeiro recuo de 0,01%, a R$ 5,38o, mas encerrou a semana em queda acumulada de 0,23%. No exterior, a moeda americana subiu em relação a uma cesta de moedas de países desenvolvidos, com ganhos de 0,25%, aponta o índice DXY.
No mês, porém, a moeda norte-americana registrou alta de 1,08%.
Segundo Boragini, o avanço em outubro reflete uma combinação de ajustes e de cautela em relação ao fiscal doméstico.
"Tivemos um déficit primário de R$17 bilhões em setembro, expectativa de manutenção também na taxa de juros por aqui e quando houve o corte de juros nos Estados Unidos, o Jerome Powell fez um discurso que jogou um balde de água fria, ou pelo menos tentou jogar um balde de água fria no investidor, dizendo que mais um corte em dezembro, não é não é trivial então também tem esse esse lado e ajustes técnicos que acontecem no mercado normal", afimrou o operador.
Nos Estados Unidos, falas de dirigentes do Federal Reserve também mexeram com os mercados, após a decisão sobre juros tomada na última quarta-feira, 30. Ainda que o Banco Central americano tenha optado por um segundo corte na taxa, que passou para a faixa de 3,75% para 4%, o chairman Jerome Powell colocou em cheque uma nova redução em dezembro com um discurso cauteloso após a decisão.
As big tech estão mais uma vez no radar, após a divulgação dos balanços de Apple e Amazon na noite de ontem — ambos superaram as expectativas do mercado.
Assim como o Ibovespa, as bolsas americanas fecharam em alta, com suporte das ações de tecnologia, em especial da Amazon após a divulgação dos resultados trimestrais da gigante americana do e-commerce.
O índice Dow Jones subiu 0,09%, aos 47.562,87 pontos; e o S&P 500 ganhou 0,26%, aos 6.840,20 pontos. O Nasdaq encerrou com avanço de 0,61%, aos 23.724,96 pontos.
Na Europa, os mercados vivem o day after da decisão de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que manteve os juros inalterados em 2% na zona do euro. Além disso, foram divulgados dados de inflação da zona do euro, com alta de 0,2% em outubro, reforçado a tese de que a autoridade monetária poderá manter os juros no patamar atual por mais tempo.
O índice europeu Stoxx 600 fechou em queda de 0,55%. O DAX, da Alemanha, teve queda de 0,47%, enquanto o CAC, da França, caiu 0,47% e o FTSE, da Inglaterra, caiu 0,60%.
Pela diferença de horário, o dia no Brasil começou com as bolsas asiáticas fechadas. Por lá, os índices terminaram a semana mistos, com investidores se mostrando cautelosos a respeito dos arranjos comerciais entre Estados Unidos e China, mesmo com uma aparente trégua.
O índice Nikkei, no Japão, fechou em alta de 2,25%, com o dado de produção industrial no país vindo melhor que o esperado. Na Coreia do Sul, o índice Kospi também avançou e fechou com alta de 0,50%.
As bolsas chinesas, no entanto, recuaram. Shangai fechou em queda de 0,81%, Shenzen com baixa de 1,14% e, em Hong Kong, o índice Hang Seng teve baixo de 1,43%.
*com agências internacionais