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Ibovespa fecha em alta com foco em IPCA-15 e balanços

Investidores digeriram os dados de inflação, que ficaram abaixo do esperado em fevereiro; dólar fecha em queda

Ibovespa: investidores analisam a divulgação do IPCA-15 de fevereiro (Gustavo Scatena/B3/Divulgação)

Ibovespa: investidores analisam a divulgação do IPCA-15 de fevereiro (Gustavo Scatena/B3/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 25 de fevereiro de 2025 às 10h39.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2025 às 18h36.

O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, 25, registrando valorização de 0,46%, aos 125.979 pontos. Os investidores analisaram a divulgação do IPCA-15 de fevereiro, que foi a 1,23% -- maior valor desde 2016. Ainda assim, o valor ficou abaixo do previsto (+1,37%), o que indica uma redução no aperto monetário. 

No exterior, os principais índices de Nova York fecharam sem rumo definido. O Dow Jones subiu 0,37% (43.621 pontos); S&P500 recuou 0,47% (5.955) e Nasdaq caiu 1,35% (19.026).

Entre os destaques corporativos, a Vibra se destacou nas altas, com avanço de 5,69% após o balanço do 4º tri superar as estimativas. Na outra ponta, MRV recuou 4,67%, com resultados abaixo do esperado. 

IPCA-15: inflação mostra sinais mistos

Em relatório divulgado, a equipe de analistas do Goldman Sachs afirmou que os dados do IPCA-15 indicam que as pressões inflacionárias permanecem elevadas, especialmente no setor de serviços básicos, enquanto a inflação de bens começa a se normalizar a partir de níveis mais baixos.

"O cenário atual, de inflação resistente, expectativas instáveis e mercado de trabalho aquecido, exige uma política monetária mais conservadora, com viés hawkish. Além disso, a política fiscal se torna um fator relevante no combate à inflação. As metas fiscais atuais são consideradas insuficientes, pois permitiriam um aumento contínuo da relação dívida/PIB."

Para evitar riscos adicionais à economia, o banco defende que sejam estabelecidas metas fiscais primárias mais ambiciosas, especialmente diante de um ambiente de superaquecimento da atividade econômica.

Ibovespa hoje

  • IBOV: +0,46%, aos 125.979 pontos
  • Dólar: -0,03%, a R$ 5,7542

Carlos Thadeu, economista de inflação e commodities da BGC Liquidez, avalia que o IPCA-15 apresentou uma leitura difícil, com grupos persistentes registrando variação acima do esperado, enquanto fatores positivos devem ser temporários. Destaque para a alta nos preços de automóveis novos e aluguéis.

Já André Valério, economista sênior do Inter, aponta que o IPCA-15 acumula alta de 4,96% nos últimos 12 meses, acelerando em relação ao dado anterior. O impacto veio, principalmente, do setor de Habitação, que registrou avanço de 4,34%, e do setor de Educação, com alta de 4,78%, reflexo da sazonalidade dos reajustes escolares.

Avaliação do governo

Pela manhã, os investidores acompanharam mais uma pesquisa sobre avaliação do governo. O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é considerado ótimo ou bom por 28,7% da população e ruim ou péssimo por 44%, segundo a pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT) divulgada nesta terça-feira, 25. Cerca de 26% avaliam a gestão petista como regular.

Essa é a primeira vez, na série histórica da pesquisa, que a avaliação negativa (ruim e péssimo) supera a positiva (bom e ótimo). A tendência de queda na aprovação do governo pode ser observada desde janeiro de 2024, chegando ao seu pior patamar um ano depois. Na comparação com o levantamento anterior, a avaliação positiva caiu 6,3 pontos percentuais, passando de 35% para 28,7%, enquanto a negativa subiu 12 pontos percentuais, indo de 32% para 44%. A avaliação regular também recuou, de 31% para 26%.

Após a pesquisa, os juros futuros longos renovaram mínimas nos últimos minutos, com a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 chegando a 14,295%, de 14,365% do ajuste anterior, e a para janeiro de 2031 a 14,410%, de 14,459% do ajuste.

Balanços de MRV, Vibra e Grupo Mateus

No cenário corporativo, os investidores acompanham a repercussão dos balanços de empresas relevantes. A MRV reportou prejuízo acima do esperado, pressionando suas ações devido a preocupações com alavancagem e despesas financeiras elevadas. "Nosso principal receio segue sendo o nível elevado de alavancagem da MRV, que continua aumentando de forma consolidada", destacou o Goldman Sachs em relatório.

Já o Grupo Mateus apresentou resultados mistos no quarto trimestre, com desaceleração no crescimento da receita e deterioração da dinâmica de capital de giro. No entanto, a companhia registrou melhora na lucratividade e fluxo de caixa livre positivo. Segundo o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o EBITDA superou as estimativas em 6%, refletindo menores despesas gerais e ganhos de eficiência.

Como é calculado o índice Bovespa?

O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.

Que horas abre e fecha a bolsa de valores?

O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.

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