Banco do Brasil: analistas citam “ventos contrários” no setor rural para redução do lucro (Leandro Fonseca)
Repórter de Mercados
Publicado em 23 de junho de 2025 às 09h50.
Após frustrar investidores com os resultados do primeiro trimestre de 2025, o Banco do Brasil tem caído na avaliação de bancos e casas de análise. A mais recente revisão veio do Goldman Sachs, que diminuiu estimativas de lucro e de retorno sobre patrimônio (ROE) da instituição financeira. A decisão foi baseada na piora na qualidade dos ativos da carteira rural, que machucou os números mais recentes do banco.
Em relatório, analistas citam, além dos “ventos contrários” no setor rural, o alargamento do desconto do BB em relação aos seus concorrentes privados.
Para lucro líquido recorrente, analistas fizeram reduções significativas: 22% em 2025, 12% em 2026 e 4% em 2027.
Já as novas estimativas de lucro líquido para 2025 são de R$ 25,6 bilhões, cifra 31% abaixo do piso da projeção anterior, de R$ 37 a R$ 41 bilhões — atualmente sob revisão.
As novas projeções implicam ROE de 13,6% em 2025, 16,4% em 2026 e 17,3% em 2027. Nos últimos anos, o BB vinha apresentando uma das maiores rentabilidades entre os "bancões", brigando a unha com Itaú (ITUB4) nesse sentido.
O retorno esperado para 2025 está abaixo da média dos pares privados, de 18,1%. Em 2024, por outro lado, o ROE do Banco do Brasil foi de 21,4%, acima da média de seus pares privados, na época de 16,2%.A deterioração nas perspectivas de lucro e rentabilidade do Banco do Brasil é atribuída à inadimplência no setor rural. O agro viu uma superprodução após a safra de 2021 e 2022, preços mais altos das commodities devido à guerra na Ucrânia, e eventos climáticos extremos em 2023 e 2024. Assim, houve um aumento nos pedidos de recuperação judicial.
Segundo dados setoriais e da própria gestão do Banco do Brasil, inadimplentes do segmento foram de 0,5% no quarto trimestre de 2022 para 3% no primeiro trimestre de 2025, com expectativa de alta adicional no segundo trimestre.
Vale lembrar que o Banco do Brasil é o banco mais exposto à deterioração da qualidade de ativos rurais, com 33% de sua carteira de empréstimos destinada ao agronegócio. Além disso, 96% da carteira de agronegócios do BB é para produtores individuais.
Os papéis do Banco do Brasil já caíram 27% desde a divulgação do último balanço, sendo o pior desempenho na cobertura financeira do Goldman Sachs no acumulado do ano. O preço-alvo foi reduzido de R$ 25 para R$ 23 pelo banco, o que ainda implica um potencial de valorização de 8% em relação aos níveis atuais, além de um dividend yield adicional de 6%.