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GOL (GOLL4) recebe aprovação judicial nos EUA para reestruturação; ações sobem 12%

Para viabilizar a retomada, a GOL garantiu um financiamento de saída (exit financing) de US$ 1,9 bilhão

A empresa também obteve redução de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em dívidas financeiras (Gol/Divulgação)

A empresa também obteve redução de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em dívidas financeiras (Gol/Divulgação)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 20 de maio de 2025 às 16h36.

Última atualização em 20 de maio de 2025 às 17h38.

A Corte de Nova York aprovou nesta terça-feira, 20, o plano de reestruturação da GOL Linhas Aéreas. O aval permite que a companhia conclua sua saída do processo de recuperação judicial, conhecido como Chapter 11 nos Estados Unidos, no início de junho deste ano, disse a companhia.

Após o anúncio, as ações da companhia dispararam com alta de 12%, às 16h32 (horário de Brasília).

Nos últimos seis meses, a empresa vinha negociando com investidores âncora para garantir os fundos necessários à reestruturação financeira. Para viabilizar a retomada, a GOL garantiu um financiamento de saída (exit financing) de US$ 1,9 bilhão, que servirá para quitar integralmente a dívida do financiamento anterior (DIP financing) de US$ 1 bilhão e ainda reforçar o caixa para os próximos passos estratégicos.

A empresa também obteve redução de aproximadamente US$ 1,6 bilhão em dívidas financeiras e US$ 800 milhões em outras obrigações, por meio de acordos com credores e conversões em capital.

Porém, a iniciativa prevê uma diluição significativa das ações atuais, sujeito ao direito de preferência aos acionistas, conforme legislação brasileira.

A companhia também firmou acordos com o governo brasileiro para reduzir impostos governamentais não pagos, contingências e outros passivos em aproximadamente US$ 750 milhões e gerar aproximadamente US$ 184 milhões de liquidez até 2029.

Um marco relevante do processo da GOL foi a negociação de pacotes de concessões no valor total de US$ 1,1 bilhão com arrendadores cobrindo todas as aeronaves da frota da companhia, incluindo suporte financeiro para eliminar seu backlog de manutenção.

Desempenho acima das expectativas

Os dados operacionais mais recentes indicam que a companhia colhe frutos das ações de reestruturação. No primeiro trimestre de 2025, a GOL registrou crescimento de 17,4% no Ebitda recorrente e aumento de 19,4% na receita líquida, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com mais de 50 motores reformados em 2024, a empresa prevê a recuperação total da capacidade da frota Boeing 737 até o primeiro trimestre de 2026, retomando os níveis pré-pandemia. Ainda neste ano, a companhia receberá cinco novos jatos Boeing 737 MAX.

Expansão estratégica e fidelização

A GOL encerrou 2024 com 30 milhões de passageiros transportados, operando em 65 destinos domésticos e 16 internacionais. Segundo o plano, a malha será expandida com base em hubs estratégicos e parcerias globais — especialmente com American Airlines e Air France-KLM.

O programa de fidelidade Smiles, o maior do Brasil e o segundo maior da América Latina, segue como um dos pilares de relacionamento com o cliente e monetização da base.

Perspectiva

A expectativa é que a GOL saia do Chapter 11 com uma posição de liquidez de US$ 900 milhões, alavancagem reduzida, 5,4 vezes no momento da saída, e meta de alcançar alavancagem líquida de 2,9 vezes até o fim de 2027.

A reestruturação é liderada pela Abra Group, que continuará como maior acionista indireta da empresa. A assembleia de acionistas que votará o aumento de capital previsto no plano está marcada para 30 de maio de 2025.

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