Fed: autoridade de política monetária manteve a taxa de juros pela quarta decisão consecutiva (Chip Somodevilla/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 18 de junho de 2025 às 15h01.
Última atualização em 18 de junho de 2025 às 16h03.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) manteve pela quarta reunião consecutiva os Fed Funds na faixa entre 4,25% e 4,50%. A decisão, que foi unânime, era consenso no mercado, que esperava que as incertezas econômicas fizessem a autoridade monetária ter cautela na decisão.
"A incerteza em relação às perspectivas econômicas diminuiu, mas ainda permanece elevada", aponta o Fed no comunicado oficial.
O Fed possui dois mandatos claros: manter o mercado de trabalho saudável e controlar a inflação — a meta da autarquia é uma inflação de 2%.
Segundo especialistas, a inflação segue caminhando à meta gradualmente: ficou em 2,4%, de acordo com o último Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), o que deu abertura para o Fed não fazer grandes movimentos nessa reunião.
Ao mesmo tempo, José Alfaix, economista da Rio Bravo, explica que, no curto prazo, há poucos indicadores que deem segurança para cortar os juros.
"O CPI mostra que a inflação está caminhando para a meta, mas o núcleo permanece acima de 2%, o que mantém o Federal Reserve em estado de atenção."
O Fed enfatiza que está preparado para ajustar a orientação da política monetária, conforme apropriado, caso surjam riscos que possam comprometer o alcance de seus objetivos.
Para a autoridade, em termos gerais, a economia cresceu a um "ritmo sólido", enquanto a taxa de desemprego "permanece baixa" e a inflação segue "moderadamente elevada".
Logo após a decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, discursou para jornalistas sobre o encontro dessa quarta-feira, 18. Powell disse que, embora a inflação tenha caído, ela ainda está acima da meta.
Entretanto, ele também disse que, apesar da incerteza elevada, a economia está “em uma posição sólida”. “A taxa de desemprego permanece baixa, e o mercado de trabalho está em ou próximo do pleno emprego”, afirmou.
Segundo Powell, de forma geral, um amplo conjunto de indicadores sugere que as condições no mercado de trabalho estão amplamente equilibradas e consistentes com o pleno emprego.
“O mercado de trabalho não é fonte de pressões inflacionárias significativas”, afirmou.
Em relação às novas políticas de Trump, que envolvem mudanças no comércio, imigração e tarifas, o Fed diz que tudo dependerá “do seu nível final” — mas reconhece as pressões inflacionárias.
“As expectativas em torno desse nível — e, portanto, dos efeitos econômicos relacionados — atingiram um pico em abril e desde então recuaram. Ainda assim, os aumentos de tarifas neste ano provavelmente pressionarão os preços e pesarão sobre a atividade econômica."
De acordo com Powell, os efeitos sobre a inflação podem ser de curta duração, refletindo um ajuste único no nível de preços, mas podem ser persistentes. “Evitar esse desfecho dependerá do tamanho dos efeitos tarifários, do tempo que levarão para se refletir completamente nos preços e, por fim, de manter bem ancoradas as expectativas de inflação de longo prazo.”
Confira o comunicado na íntegra:
Embora oscilações nas exportações líquidas tenham impactado os dados, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica segue em expansão em ritmo sólido. A taxa de desemprego permanece baixa, e as condições do mercado de trabalho continuam robustas. A inflação segue moderadamente elevada.
O Comitê busca alcançar, no longo prazo, o máximo nível de emprego e uma inflação de 2%. A incerteza em relação às perspectivas econômicas diminuiu, mas ainda permanece elevada. O Comitê permanece atento aos riscos que incidem sobre ambos os lados de seu duplo mandato.
Para apoiar seus objetivos, o Comitê decidiu manter a faixa-alvo da taxa dos fundos federais entre 4,25% e 4,5%. Ao avaliar a magnitude e o momento de eventuais ajustes adicionais nessa faixa, o Comitê considerará cuidadosamente os dados recebidos, a evolução das perspectivas econômicas e o balanço de riscos. O Comitê continuará a reduzir seus ativos em títulos do Tesouro, dívidas de agências e títulos lastreados em hipotecas emitidos por agências. O Comitê mantém firme seu compromisso de apoiar o máximo emprego e reconduzir a inflação à meta de 2%.
Na avaliação da postura apropriada da política monetária, o Comitê continuará monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas. O Comitê está preparado para ajustar a orientação da política monetária, conforme apropriado, caso surjam riscos que possam comprometer o alcance de seus objetivos. As avaliações do Comitê levarão em conta um amplo conjunto de informações, incluindo dados sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, bem como desenvolvimentos financeiros e internacionais.
Votaram a favor da decisão de política monetária: Jerome H. Powell, presidente; John C. Williams, vice-presidente; Michael S. Barr; Michelle W. Bowman; Susan M. Collins; Lisa D. Cook; Austan D. Goolsbee; Philip N. Jefferson; Adriana D. Kugler; Alberto G. Musalem; Jeffrey R. Schmid; e Christopher J. Waller.
*Matéria em atualização