Embraer: fabricante de aeronaves reportou os números do segundo trimestre de 2025 nesta terça-feira, 5 (Embraer/Divulgação)
Repórter de finanças
Publicado em 5 de agosto de 2025 às 13h49.
“O que não te mata, te fortalece”, já dizia o ditado, que se enquadra perfeitamente para o caso de Embraer (EMBR3). De empresa mais afetada pelas tarifas de Donald Trump, à isenção das taxas adicionais de 40%, a companhia viveu uma reviravolta e conseguiu equilibrar pratos durante o tarifaço.
O resultado disso foi um segundo trimestre sólido e consistente, principalmente em termos de margens, conforme o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME). A carteira de pedidos atingiu um recorde de US$ 29,7 bilhões e a receita foi a maior para um segundo trimestre, em US$ 1,8 bilhão.
Mesmo com despesas relacionadas à Eve no valor de US$ 12 milhões, o EBIT ajustado e o EBITDA ajustado foram de US$ 192 milhões (49% acima das estimativas do banco) e US$ 246 milhões (23% acima das estimativas), resultando em margens de 11% e 14%, respectivamente — uma leitura muito forte, acima das projeções de 7% e 11%.
Já o lucro líquido totalizou US$ 79 milhões. No entanto, ajustando por -R$ 163 milhões em impostos diferidos e +R$ 79 milhões do resultado da Eve, o lucro líquido ajustado foi de -US$ 5 milhões (ante estimativa do BTG de US$ 65 milhões).
Mas o mais importante é que o período “não foi materialmente afetada pelo aumento de 10% das tarifas dos EUA”, afirmam Lucas Marquiori, Fernanda Recchia e Samuel Alkmim, da equipe de analistas do BTG. Em teleconferência realizada na manhã desta terça-feira, o CEO Francisco Gomes Neto divulgou que o impacto das tarifas será de US$ 65 milhões em 2025 – um número pífio perto da receita.
No trimestre, a força da receita foi impulsionada principalmente pela sólida performance no segmento de aviação executiva, enquanto a expansão de margem se beneficiou de um mix mais favorável de contratos PoC (Percentage of Completion) em Defesa e da aceleração da produção do A-29.
Outro ponto de destaque é que a companhia manteve seu guidance e, segundo o BTG, já alcançou 44% do seu EBIT para 2025, “estando no caminho para entregar suas projeções anuais, considerando especialmente a sazonalidade mais forte do segundo semestre.”
A empresa, no entanto, continua sendo negociada com um grande desconto em relação aos seus pares globais, o que o banco considera injustificado, especialmente dado o cenário positivo em todas as suas unidades de negócios, dizem os analistas, que recomendam compra para a companhia, com um preço-alvo de US$ 63, um upside de 9% (US$ 57.81).
Segundo o BTG, este conjunto forte de resultados reforça o momento positivo contínuo na indústria da aviação, com crescimento tanto na receita quanto nas margens, sustentado por um maior volume de produção, melhor mix de produtos e uma posição de margem aprimorada.
A companhia também pagou R$ 9 milhões em dividendos no segundo trimestre — seu primeiro pagamento em anos — e aprovou R$ 51 milhões para o exercício de 2024. Em abril de 2025, também declarou R$ 143 milhões em juros sobre capital próprio (JCP).
“Para o ano de 2025 e além, a Embraer planeja explorar as vantagens fiscais das distribuições trimestrais de JCP. Estes pagamentos serão combinados com um dividendo complementar, se necessário, para atingir a distribuição mínima legal de 25% do lucro líquido”, afirma o banco.