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Embraer: depois do susto do tarifaço, ação vai voar? Esses analistas têm dúvidas

Analistas da XP atualizaram estimativas, mas reiteraram recomendação neutra; ação já não está tão descontada como antes

Casa vê Embraer com bom desempenho operacional

Casa vê Embraer com bom desempenho operacional

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 12h01.

Última atualização em 2 de setembro de 2025 às 12h23.

A Embraer (EMBR3) teve um mês de julho de apreensão, com a possível adoção de tarifa de importação de 50% pelos Estados Unidos, um de seus mais importantes mercados. Na época, o CEO da empresa chegou a prever impactos tão devastadores quanto os da pandemia. Por fim, o governo americano recuou e a taxação ficou em 10% — a que já tinha sido anunciada em abril pelos EUA.

Depois que o tema do tarifaço ficou para trás, pelo menos para a fabricante de aviões brasileira, as discussões se voltaram para o seu operacional. Analistas da XP veem momento positivo com novos pedidos para a companhia e a aproximação do teste do eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical) da subsidiária Eve.

Desconfiança com a ação

Mas a casa tem “ceticismo” com a valorização da ação à frente. Por isso, reiterou recomendação neutra para a Embraer, embora tenha elevado preço-alvo de R$ 68 para R$ 73.

A XP acha que a relação preço/lucro da ação estimada para 2026 já reflete os ganhos previstos para a empresa com o atual backlog (lista de encomendas).

Mas, agora, o papel opera em patamares próximos à média do setor, reduzindo significativamente o desconto que negociava anteriormente. Além disso, por mais que a XP espere uma melhor fluxo de caixa livre nos próximos anos, os yields previstos não são tão atrativos a ponto de justificar altas expressivas para a ação.

Crescimento, de qualquer forma

No entanto, os analistas da XP reforçaram em relatório que anúncios recentes da Embraer sugerem novos pedidos a serem anunciados nos próximos meses (principalmente no segmento comercial e de defesa).

Além disso, a casa vê a Embraer começando a colher os frutos de suas iniciativas de nivelamento de produção e corte de custos, com resultados do segundo trimestre do ano melhores do que o esperado, fazendo a XP revisar para cima a projeção de rentabilidade – previsão de margem Ebit (lucro antes de juros e impostos) para o final de 2025 em 8,6% (consenso de mercado é de 8,2%), ligeiramente acima do guidance da empresa.

Latam de olho na aeronave da Embraer

Especificamente no segmento comercial, a XP vê espaço para novos anúncios dos jatos comerciais E2. A Latam Airlines, na apresentação dos resultados do segundo trimestre, deu a entender que tinha interesse em testar o mercado de equipamentos menores, que incluem os jatos E2 da Embraer.

Segundo o BTG Pactual, a maior companhia aérea da América Latina tem o objetivo de ganhar força de distribuição regional em sua rede continental. O banco destaca que os investidores da Embraer vêm acompanhando essa campanha há algum tempo, notadamente desde o final de 2024, mas foi somente durante a recente teleconferência da companhia aérea que se viu o assunto sendo tratado abertamente.

Para o BTG, a Latam quer se aproveitar da concorrência frágil (especialmente no Brasil) para aumentar a capacidade e ganhar participação.

A tese é que a Latam tem uma janela única para acelerar o crescimento regional, e a escolha entre o E2 da Embraer e o A220 da Airbus (concorrente direto da aeronave fabricada pela empresa brasileira) é uma peça central dessa estratégia.

O cenário do mercado, a economia específica da frota e as alavancas políticas/financeiras determinarão o resultado dessa ação da companhia aérea, avalia o banco.

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