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Dólar recua, ouro sobe: investidores adotam 'otimismo cauteloso' com payroll desta sexta

Relatório de empregos de agosto será divulgado nesta sexta, 5, e pode consolidar corte de juros pelo Fed

 (Adrienne Bresnahan/Getty Images)

(Adrienne Bresnahan/Getty Images)

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 07h09.

Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 07h10.

Na quinta-feira, 4, o S&P 500 fechou em alta de 0,83%, renovando seu recorde. O movimento positivo nas bolsas já sinaliza um otimismo cauteloso dos investidores, que aguardam o tão aguardado relatório de empregos dos Estados Unidos, o payroll, previsto para ser divulgado nesta sexta-feira, 5 de setembro, às 9h30 (horário de Brasília).

O dado será crucial para determinar os rumos da política monetária do Federal Reserve (Fed), com as expectativas de uma possível redução nas taxas de juros.

Na manhã desta sexta-feira, 5, a expectativa pelo payroll já afetava os mercados financeiros.

O dólar recuava 0,2%, enquanto o ouro, considerado um ativo seguro em tempos de incerteza, operava próximo a US$ 3.550 por onça, acumulando um ganho de quase 3% na semana. Nos tesouros, o rendimento dos títulos de 10 anos caiu para 4,18%, o menor valor em quatro meses.

O que esperar do payroll

A expectativa dos economistas consultados pela FactSet é que o país tenha criado 80 mil novas vagas de trabalho em agosto, um número superior às 73 mil registradas em julho.

A Bloomberg projeta uma estimativa um pouco mais modesta, de 75 mil vagas, enquanto a taxa de desemprego deve se manter em 4,2%, segundo a FactSet, ou subir ligeiramente para 4,3%, segundo a Bloomberg. Os números serão decisivos para os próximos passos do Fed, que se reunirá nos dias 16 e 17 de setembro para discutir suas políticas monetárias.

O impacto do payroll será sentido diretamente nas bolsas de valores. Se os dados de emprego ficarem abaixo das expectativas, os investidores podem interpretar isso como um sinal de que o Fed continuará com sua postura mais dovish, o que pode impulsionar os preços das ações. No entanto, caso os números de empregos sejam mais robustos, isso poderá diminuir as chances de corte de juros, levando a uma reação mais cautelosa dos investidores.

Desaceleração no mercado de trabalho

O mercado de trabalho dos EUA tem mostrado sinais claros de desaceleração desde meados deste ano. Em julho, a média trimestral de criação de empregos caiu para 35 mil por mês, uma queda substancial em relação aos 168 mil registrados no início de 2024.

O Departamento de Estatísticas de Trabalho dos EUA (BLS) revisou para baixo os dados de maio e junho. O setor público, por exemplo, perdeu 84 mil postos de trabalho desde janeiro, e os serviços profissionais também têm mostrado dificuldades. Por outro lado, saúde e assistência social responderam por mais da metade das novas vagas de emprego nos últimos 12 meses.

As expectativas para os juros

O comportamento do mercado de trabalho é fundamental para os investidores, pois influencia diretamente as decisões do Fed sobre as taxas de juros. A desaceleração nas contratações e pedidos de demissão sugere que o desemprego real pode ser mais alto do que os números oficiais indicam. Esse cenário foi abordado pelo presidente do Fed, Jerome Powell, em seu discurso em Jackson Hole, quando sugeriu que “pode ser hora” de cortar os juros para estimular a economia.

De acordo com o estrategista BeiChen Lin, da Russell Investments, a expectativa é de que o Fed anuncie uma redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros em sua próxima reunião. A probabilidade de esse movimento acontecer é de 99,7%, segundo a ferramenta FedWatch da CME Group. Caso isso se confirme, os mercados financeiros podem reagir positivamente, com os juros mais baixos impulsionando o consumo e os investimentos.

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