Redação Exame
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 06h20.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 06h28.
Os futuros das ações nos Estados Unidos e o dólar recuaram com o início do primeiro fechamento do governo em quase sete anos nesta quarta-feira, 1º.
Os contratos futuros do S&P 500 caíram 0,6% enquanto os investidores reduziram o risco após o melhor setembro do índice em 15 anos.
Os futuros do Nasdaq 100 recuaram 0,7%, com as ações de tecnologia entre as maiores quedas no pregão pré-mercado.
O dólar continuou sua queda pelo quarto dia consecutivo, segundo o índice da Bloomberg, em seu menor nível em uma semana.
A moeda americana enfraqueceu contra todas as principais moedas do Grupo dos Dez (G10), com o iene japonês liderando os ganhos, subindo para uma máxima de duas semanas.
A queda do dólar é um reflexo do impacto histórico de fechamentos de governo, que geralmente pressionam a moeda, um padrão que se reflete também nos mercados de opções. As reversões de risco, que medem a diferença de demanda entre negociações otimistas e pessimistas, indicam que o dólar pode enfrentar riscos adicionais de baixa no próximo mês.
O motivo principal para o atual shutdown é a discordância entre os partidos políticos sobre o financiamento de serviços de saúde, como os subsídios do Obamacare, que estão em vias de expirar no final do ano.
Os republicanos, que controlam a Câmara dos Representantes, buscam um orçamento mais enxuto, sem a inclusão desses programas. Já os democratas insistem na necessidade de estender os subsídios à saúde, o que se tornou um ponto de conflito fundamental.
Enquanto o presidente Donald Trump e os republicanos defendem a aprovação de um projeto de lei de financiamento sem emendas, os democratas exigem que questões de saúde pública e outros programas sejam contemplados.
Historicamente, o impacto de um shutdown nas finanças dos Estados Unidos é bastante significativo.
Em 2018-2019, o país experimentou a paralisação mais longa da história, que durou 35 dias, resultando em uma perda de cerca de US$ 11 bilhões. Desses, aproximadamente US$ 3 bilhões não foram recuperados, segundo dados do Escritório de Orçamento do Congresso (CBO).
Se essa paralisação se prolongar, especialistas alertam que a taxa de desemprego pode subir, uma vez que os trabalhadores temporariamente afastados das suas funções entram para as estatísticas de desempregados.
Enquanto os debates entre republicanos e democratas continuam, o shutdown pode ser prolongado, especialmente porque ambos os partidos estão usando o impasse como uma forma de se posicionar para as eleições de meio de mandato 2026 nos EUA, quando são eleitos os congressistas.
A falta de acordo sobre o financiamento de políticas de saúde e programas sociais torna a resolução da crise ainda mais difícil.
O impacto do shutdown não se limita apenas ao governo. As consequências podem se espalhar por todo o setor privado, com investidores cautelosos e uma possível desaceleração na economia, já que o clima de incerteza tende a aumentar, o que afeta a confiança nas finanças do país.