Dólar: moeda subia frente ao peso (EKIN KIZILKAYA/Getty Images)
Repórter
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 12h43.
O dólar subia forte frente ao peso na Argentina nesta segunda-feira, 8, após a derrota do presidente argentino Javier Milei nas eleições legislativas na província de Buenos Aires.
A moeda americana alcançou a cotação de US$ 1.480 em relação ao peso argentino na manhã de hoje. Às 12h28, a moeda dos Estados Unidos operava em alta superior a 5,20%, cotada a US$ 1.436. As cotações referem-se ao dólar oficial, ou minorista, vendidos pelos bancos e corretoras e usado e base pelo Banco Central.
O movimento levou o dólar a se aproximar do teto superior da banda cambial imposta pelo governo, que está fixado em US$ 1.470.
A alta no dólar acontece um dia depois da vitória da coalizão peronista Fuerza Patria no domingo, 7. A vitória do partido oposto ao de Milei gerou uma forte reação nos mercados financeiros argentinos, que caíram mais de 10% na abertura.
Logo após a abertura dos mercados, o índice Merval, medido em dólares, despencou mais de 16%, ampliando uma queda acumulada de quase 43% desde o início do ano.
De acordo com o Goldman Sachs (GS), a vitória do Fuerza Patria, que obteve 47% dos votos, contra 34% de La Libertad Avanza de Javier Milei, representou uma derrota significativa para o governo.
O resultado, segundo os analistas, sugere que as próximas eleições nacionais, marcadas para outubro, poderão ser mais apertadas do que se esperava inicialmente. Para o banco, essa reversão política pode afetar a confiança dos investidores e criar um cenário de maior volatilidade até as eleições gerais.
Apesar de o Goldman Sachs destacar que as eleições provinciais têm um impacto limitado nas políticas do governo federal, eles ressaltaram que o resultado contribui para um aumento da incerteza no cenário político e econômico do país. Segundo a análise, a vitória peronista ocorre em um contexto de apertamento das condições financeiras internas, com o peso se desvalorizando e uma expectativa de inflação mais alta no mês de agosto.
Os títulos soberanos argentinos denominados em dólares também sofreram com a reação dos mercados.
De acordo com os analistas do Morgan Stanley (MS), a derrota política de Milei nas eleições de Buenos Aires levou a uma queda significativa nos preços dos títulos soberanos, com perdas superiores a 13%. O risco-país, medido pelo índice JP Morgan (JPM), disparou para perto dos 1.100 pontos.
O Morgan Stanley indicou que a falta de apoio à continuidade das políticas do governo nas eleições locais pode resultar em um cenário ainda mais desafiador para o governo de Milei, com a possibilidade de a moeda argentina se enfraquecer ainda mais nas semanas que antecedem as eleições nacionais.
Para a instituição, a alta volatilidade no mercado cambial pode forçar o Banco Central a vender reservas internacionais para controlar o valor do peso, conforme o acordo com o FMI.
Em resposta à derrota nas eleições de Buenos Aires, o presidente argentino afirmou que seu governo continuará mantendo a disciplina fiscal e a política monetária apertada, além de preservar o atual regime cambial.
Mas analistas apontam que a falta de apoio popular e o aumento das tensões políticas podem tornar difícil para Milei governar nos próximos meses, especialmente com a proximidade das eleições nacionais.
O Goldman Sachs sugere que, dada a crescente incerteza política e econômica, o governo argentino precisará buscar uma estratégia mais ampla de consenso para garantir a governabilidade e restaurar a confiança dos investidores.
Para o Morgan Stanley, qualquer desvalorização significativa do peso pode reduzir ainda mais o apoio à administração de Milei e dificultar a continuidade das reformas econômicas implementadas até o momento.