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Dividendos da Vale dependem de caixa e da nova tributação, diz CFO

Marcelo Bacci diz que companhia não vai alterar política de remuneração caso dividendos sejam tributados: 'ajustaremos formato e momento de pagamento'

Marcelo Bacci, CFO da Vale: 'não podemos antecipar decisão, mas é provável que haja dividendos extraordinários' (Divulgação/Divulgação)

Marcelo Bacci, CFO da Vale: 'não podemos antecipar decisão, mas é provável que haja dividendos extraordinários' (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 14h45.

Após afirmar que deve anunciar dividendos extraordinários nos próximos meses, o CFO da Vale afirmou que a definição do provento extraordinário ainda depende de dois fatores: a geração de caixa e o desfecho do Projeto de Lei (PL) 1087/25, que propõe a cobrança de 10% de Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) sobre lucros e dividendos.

Atualmente, a mineradora remunera seus acionistas por meio de juros sobre capital próprio (JCP). O instrumento, segundo o CFO da companhia, Marcelo Bacci, é mais eficiente do ponto de vista tributário e não será afetado pelas mudanças em análise no Senado.

Ainda assim, o JCP tem um limite, o que torna o tamanho da distribuição condicionado ao caixa disponível, disse ele.

"O JCP tem um limite, então nós estamos monitorando tudo isso para poder tomar a decisão sobre os dividendos. É por isso que também não consigo dizer quando será o 'em breve', porque depende tanto do desempenho de geração de caixa da companhia, como de destrinchar essa questão tributária também", afirmou o executivo da Vale em coletiva de imprensa após a divulgação dos resultados financeiros do terceiro trimestre.

O Projeto de Lei 1087/25, aprovado no início de outubro pela Câmara e agora em análise no Senado, prevê uma alíquota de 10% de Imposto de Renda sobre lucros e dividendos pagos a pessoas físicas. Há dúvidas jurídicas, porém, sobre o texto e sobre o prazo permitido para pagamento dos lucros declarados.

O executivo reforçou, no entanto, que a mineradora não pretende alterar sua política de dividendos, apenas ajustar o formato e o momento do pagamento, caso a tributação avance.

Lucro da Vale cresceu 11% no 3º trimestre

Mais cedo, em teleconferência com os acionistas, o CFO disse ser provável a distribuição de dividendos extraordinários nos próximos meses, diante de um balanço acima do esperado pelo mercado.

"A estabilidade da empresa e do mercado está criando melhores condições para dividendos extraordinários nos próximos meses. O preço do minério de ferro está se mantendo consistentemente acima dos US$ 100 por tonelada e a performance operacional, tanto no minério de ferro quanto em metais básicos, tem ficado acima do que esperávamos", disse o executivo.

"Não podemos antecipar a decisão agora porque ainda há algumas coisas para acontecer, mas é provável que haja anúncio de dividendos extraordinários nos próximos meses."

No trimestre, a Vale registrou geração de caixa de US$ 2,6 bilhões, impulsionada por melhora operacional e pela venda da Aliança Energia. A mineradora também viu sua dívida líquida recuar para US$ 16,6 bilhões, um dos gatilhos para intensificar o retorno aos acionistas.

O desempenho recorrente também surpreendeu, especialmente por conta da melhora na eficiência dos negócios de minério de ferro e na unidade de metais básicos.

O chamado 'custo caixa' em minério ficou em US$ 20,7 por tonelada, queda de 7% sobre os três meses anteriores e estável em relação ao mesmo período de 2025, apesar do aumento dos custos de materiais e do efeito cambial.

Após o anúncio de dividendos extras, as ações da Vale, que negociavam em leve alta desde o começo do pregão, intensificaram os ganhos.

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