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Dividendos: As empresas que mais pagaram proventos no ano e 3 recomendações para o restante de 2025

No primeiro semestre de 2025, energia, seguros, financeiro e construção civil se destacam entre os setores das ‘vacas leiteiras’

Dividendos: setor de construção civil se destacou como bom pagador de proventos em 2025 (Germano Lüders/Exame)

Dividendos: setor de construção civil se destacou como bom pagador de proventos em 2025 (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 19 de julho de 2025 às 10h19.

No meio de tarifas contra o Brasil, embate sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e pré-ano eleitoral, o Ibovespa conseguiu atingir as máximas históricas em maio, ultrapassando os 140 mil pontos.

A expectativa de que chegamos ao pico do aperto monetário e a entrada de capital gringo no país, favorecem a bolsa, que sobe 12,4%% até 15 de julho. Para quem deseja surfar o rali e entrar em ações, olhar para boas pagadoras de dividendos é fundamental.[/grifar]

Um levantamento realizado pela Economatica, a pedido da Nord Investimentos, mostrou que as maiores pagadoras de proventos fazem parte de setores comumente conhecidos: energia, seguros, financeiro e até mesmo construção civil, cada vez mais presente. Segundo a casa, as 10 maiores pagadoras de dividendos no primeiro semestre de 2025 possuem rendimentos que variam de 6,5% até mais de 10%.

Em primeiro lugar, aparece ISA Energia (ISAE4) com o único dividend yield de dois dígitos, em 10,35%. Na sequência, aparece Cemig (CMIG4), com um yield de 9,78%. Em terceiro lugar está Direcional (DIRR3), com um dy de 8,26%. Na quarta posição aparece Irani (RANI3), com um dividend yield de 7,95%. Já no quinto lugar está Tupy (TUPY3), com um yield 7,86%.

10 maiores pagadoras de dividendos em 2025

EmpresaDividendo por ação (2025)Dividend yield (2025)
ISA Energia (ISAE4)R$ 2,3610,35%
Cemig (CMIG4)R$ 1,069,78%
Direcional (DIRR3)R$ 3,278,26%
Irani (RANI3)R$ 0,587,95%
Tupy (TUPY3)R$ 1,397,86%
CPFL (CPFE3)R$ 2,797,34%
Itaúsa (ITSA4)R$ 0,736,98%
Plano&Plano (PLPL3)R$ 1,006,79%
Valid (VLID3)R$ 1,586,77%
BB Seguridade (BBSE3)R$ 2,316,56%

Fonte: Economatica

Observação: Aviso: os indicadores apresentados na tabela levam em conta somente os valores distribuídos na primeira metade do ano, até 14 de julho. Além disso, a seleção das empresas considerou sua liquidez, exigindo um volume financeiro diário mínimo de R$ 5 milhões.

ISA Energia (ISAE4)

A ISA Energia é uma das ações preferidas do Nord Dividendos. Mesmo com os investimentos contínuos que a companhia tem realizado, ela opera em um setor considerado previsível — o de transmissão de energia, que conta com contratos de longo prazo e corrigidos pela inflação —, o que garante uma distribuição consistente de dividendos aos acionistas.

Cemig (CMIG4)

Embora seja uma companhia estatal, a Cemig se destaca entre as empresas do setor de energia — atuando especificamente na geração — por apresentar resultados estáveis e uma boa distribuição de proventos. O alto dividend yield da empresa ainda é impulsionado pelo desconto observado no preço de suas ações.

Direcional (DIRR3)

A Direcional é uma incorporadora focada no segmento de habitação popular, sendo uma das principais referências dentro do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). Com as mudanças positivas implementadas no programa nos últimos anos, os resultados da companhia — e, consequentemente, os dividendos — continuam em trajetória de crescimento em 2025.

Irani (RANI3)

Após finalizar uma rodada de investimentos recentes, a Irani — uma das principais fabricantes de papéis para embalagens no Brasil — retomou o pagamento regular de dividendos. É importante observar, no entanto, que um eventual novo ciclo de crescimento da empresa pode impactar negativamente as distribuições futuras aos acionistas.

Tupy (TUPY3)

A Tupy é a única representante do setor industrial presente na lista. Enfrentando um ambiente doméstico desafiador, a empresa reverteu o lucro em prejuízo no último trimestre, e seu alto dividend yield recente se deve principalmente à forte desvalorização de suas ações, e não a distribuições elevadas.

CPFL (CPFE3)

Completando a “trinca” do setor de energia na lista, a CPFL possui operação mais concentrada no segmento de distribuição, o que também possui grande previsibilidade. Com expectativa de renovar suas concessões, seus dividendos deverão permanecer elevados, aponta o Nord.

Itaúsa (ITSA4)

Pelo ótimo desempenho que o banco vem apresentando em um passado recente, a Itaúsa, controladora do Itaú, voltou a distribuir bons proventos aos seus acionistas, com crescimento regular de seus lucros e dividendos extraordinários recordes.

Plano&Plano (PLPL3)

Assim como a Direcional, outra empresa a atuar no segmento de baixo padrão é a Plano&Plano – mais uma incorporadora que vem apresentando ótimos números operacionais e financeiros nos últimos anos, ainda mais por ter a maior construtora do país como sua parceira, a Cyrela, explica o Nord.

Valid (VLID3)

Líder na emissão de documentos, cartões e chips de celular (SIM cards), a Valid passou por uma reestruturação recente que contribuiu para a recuperação de seus indicadores operacionais e financeiros. Com desempenho sólido e posição de caixa líquido — ou seja, mais caixa do que dívida —, a companhia também elevou o patamar de seus dividendos.

BB Seguridade (BBSE3)

Com uma operação diversificada, a BB Seguridade atua como o canal exclusivo de distribuição de seguros e produtos financeiros do Banco do Brasil. Apesar do cenário macroeconômico desafiador impactar parte de suas receitas, o patamar elevado dos juros tem favorecido seu lucro — e, por consequência, a distribuição de dividendos.

O que olhar no segundo semestre?

O Nord também listou, como boas pagadoras de dividendos, três ações de preferência para a segunda metade de 2025. Confira:

BB Seguridade (BBSE3)

“A empresa de seguros não poderia ficar de fora da lista. Com distribuições anuais divididas em dois pagamentos (um em cada semestre), a expectativa segue positiva para o ano”, escreveram os analistas.

A BB Seguridade, inclusive, já anunciou que distribuirá mais R$ 3,8 bilhões em proventos no segundo semestre — o equivalente a aproximadamente R$ 1,88 por ação. Com isso, seu dividend yield deverá ultrapassar os dois dígitos, atingindo cerca de 11% até o fim do ano. Negociada a 8 vezes o lucro (P/L), BBSE3 se apresenta como uma excelente oportunidade no cenário atual.

PetroReconcavo (RECV3)

Com 25 anos de experiência no setor de óleo e gás, a empresa reporta resultados operacionais e financeiros estáveis, forte geração de caixa e alavancagem confortável — o que vem permitindo altos dividendos nos últimos anos e que, segundo o Nord, deverão seguir elevados.

Assim como a seguradora, a PetroReconcavo também realiza suas distribuições anuais em duas etapas, mantendo a expectativa de um novo pagamento robusto de dividendos até o fim do ano.

Com um dividend yield estimado em 11% para o encerramento de 2025 e sendo negociada a apenas 3 vezes o EBITDA e 7 vezes o lucro, RECV3 desponta como uma excelente alternativa para compor uma carteira focada em renda.

Kepler Weber (KEPL3)

A Kepler Weber é uma empresa centenária do agronegócio e líder absoluta no segmento de pós-colheita de grãos no Brasil e na América Latina, detendo cerca de 40% de participação de mercado.

Embora os produtores rurais brasileiros enfrentem dificuldades relacionadas a preços e dívidas acumuladas, “a expectativa de safra recorde no Brasil para 2025 e investimentos em outros países deverão sustentar os resultados e proventos da Kepler em mais um ano”, aponta o Nord Investimentos.

Vale lembrar que, mesmo sob pressão, o último ano já havia sido o segundo melhor da história da empresa. Com dividend yield estimado em 9% e negociada a 8 vezes o lucro, KEPL3 fecha a lista.

O que são dividendos?

Os dividendos são uma parcela do lucro das empresas que é distribuída aos seus acionistas, proporcionando a eles um rendimento extra

Então, quando uma empresa tem bons resultados ela distribui bons dividendos. Isso é um indicativo de que a companhia é bem administrada e pode ser uma opção de investimento interessante.

Qualquer investidor que compra uma ação ou um conjunto de ações está, na prática, se tornando sócio de uma empresa. Por ter aplicado parte de seu patrimônio na estrutura daquele negócio, o investidor passa a ter direito a receber parte dos lucros gerados em determinado período.

O cálculo do valor a ser distribuído é baseado no lucro líquido ajustado - ou seja, todo o ganho da empresa já subtraídos os impostos, despesas e eventuais provisões e vendas de ativos.

Essa é uma forma das empresas atraírem investidores, pois os dividendos permitem o recebimento de uma renda passiva - similar ao que acontece com quem é dono de um imóvel alugado, por exemplo.

Além disso, cabe lembrar que nem todas as empresas listadas na bolsa de valores conseguem pagar os dividendos. Mesmo para aquelas com bons históricos, não há garantia específica de pagamento. 

Isso porque a empresa que distribui os lucros pode aumentar o valor da distribuição, mas também reduzir ou até mesmo suspender o pagamento em caso de alteração em seus negócios.

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