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Desdolarização? Para o Citigroup, abandono do dólar é 'miragem' — mas moeda deve continuar em queda

Os analistas do Citigroup atribuem a queda do dólar a fatores como o desmonte de posições no mercado financeiro e preveem que moeda deve continuar a cair

Publicado em 19 de setembro de 2025 às 10h11.

Uma possível desdolarização global pode não passar de "uma miragem", para analistas do Citigroup. Em análise divulgada nesta semana, os analistas da instituição descartaram a ideia de que investidores globais estão se afastando da dependência do dólar, e, para eles, esta narrativa é "ilusória" e não tem respaldo nos dados econômicos atuais.

Embora o dólar dos EUA tenha caído quase 9% este ano, os dados das estatísticas de balança de pagamentos do país americano não confirmam uma venda substancial de ativos denominados em dólar, contrariando a tese de uma desdolarização global.

Os estrategistas do Citi, liderados por Osamu Takashima, afirmam que não há uma correlação significativa entre os fluxos de investimentos estrangeiros e o desempenho da moeda americana ao longo do tempo.

Em vez de um movimento coordenado de desdolarização, os analistas do Citigroup atribuem a queda do dólar a fatores como o desmonte de posições no mercado financeiro e ajustes nas estratégias de hedge, especialmente após a pandemia e os ajustes econômicos subsequentes.

Ficção ou verdade?

O termo "desdolarização" tem sido utilizado por analistas para explicar o suposto movimento de países e investidores em direção à redução da dependência do dólar, especialmente diante das políticas protecionistas adotadas pelo governo de Donald Trump, incluindo tarifas elevadas sobre os parceiros comerciais e questionamentos sobre a independência do Federal Reserve (Fed), banco central americano.

Mas, segundo o Citigroup, apesar dessas preocupações, os dados mostram que os investidores continuaram a adquirir ativos dos EUA, como ações e títulos, e têm protegido esses investimentos contra a queda do dólar por meio da compra de derivativos.

“Vemos a desdolarização como uma narrativa criada para justificar o enfraquecimento do dólar causado pelo desmonte de posições e ajustes nas proporções de hedge”, disseram os estrategistas, segundo a Bloomberg.  “Acreditamos que o risco de depreciação do dólar deve ser analisado separadamente da desdolarização.”

A aparente contradição levanta dúvidas sobre a força real do movimento de desdolarização. Em vez de uma reviravolta nas preferências dos investidores, os dados indicam que os fluxos continuam favoráveis aos ativos dos EUA, apesar das flutuações na moeda.

O que acontece com o dólar agora?

Apesar de refutar a narrativa da desdolarização, os analistas do Citigroup não são otimistas quanto ao futuro do dólar.

A previsão da instituição é que o dólar caia para US$ 1,20 por euro até o final de 2025, uma queda considerável em relação ao valor atual de US$ 1,1750. O banco também espera que o dólar enfraqueça em relação ao iene japonês, projetando uma taxa de 135 ienes por dólar até o final de 2026, o que representaria uma queda de aproximadamente 9%.

O Citigroup atribui esse enfraquecimento do dólar a uma série de fatores econômicos internos e globais, incluindo a política monetária dos EUA, a recuperação econômica pós-pandemia e os ajustes no mercado de câmbio. Para o Citi, embora o movimento de desdolarização não seja uma preocupação real no momento, o dólar ainda está vulnerável a pressões externas e internas, o que pode resultar em uma tendência de desvalorização nos próximos anos.

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