A Berkshire Hathaway (BERK34), holding de Warren Buffett, (REUTERS/Rick Wilking/Exame)
Redação Exame
Publicado em 16 de outubro de 2025 às 06h00.
Uma temporada de furações bem mais calma do que o esperado Estados Unidos pode dar um impulso e tanto nos lucros da Berkshire Hathaway, de Warren Buffett. É que o veículo de investimentos é dona de várias empresas de seguros e tem participações relevantes em outros negócios dessa indústria.
Pela primeira vez em uma década, nenhum furacão nomeado atingiu a costa norte-americana em setembro, e a ausência de grandes tempestades se estendeu à primeira quinzena de outubro, segundo reportagem do Barron's. Outras seguradoras de propriedade e acidentes (P&C, na sigla em inglês) também tendem a reportar resultados melhores no terceiro trimestre de 2025 (3T25) por esse motivo.
O analista do JPMorgan, Jimmy Bhullar, ouvido pela agência, prevê US$ 10 bilhões em perdas de catástrofes seguradas nos EUA no terceiro trimestre, metade do total registrado no mesmo período do ano passado. Para Buffett e a P&C, o resultado é uma boa notícia, que pode refletir em lucros mais altos e dar um fôlego às ações do setor.
Com perdas com catástrofes abaixo do previsto, Bhullar elevou significativamente suas projeções para o terceiro trimestre de diversas seguradoras — incluindo Allstate, Chubb e RenaissanceRe. Já a analista da CFRA, Cathy Seifert aumentou sua estimativa de lucro operacional da Berkshire para o mesmo período.
O analista do JPMorgan revisou a previsão de lucro do terceiro trimestre da Allstate para US$ 6,92 por ação, ante US$ 3,50, e sua projeção para 2025 para US$ 22,24, ante US$ 18,60. Para a Chubb, o lucro esperado subiu para US$ 6,59 por ação, ante US$ 5,18. Sua projeção para a resseguradora RenaissanceRe mais que dobrou, passando de US$ 4,79 para US$ 10,28 por ação.
Allstate é a principal escolha de Bhullar no setor, e ele se mostra mais cauteloso em relação às resseguradoras devido à pressão nos preços.
Segundo o analista, os preços de resseguros vêm caindo nos últimos dois anos e a expectativa é de que continuem a cair com as renovações em janeiro, "considerando a atividade limitada de catástrofes durante a temporada de furacões".
A analista Cathy Seifert elevou sua estimativa de lucro operacional da Berkshire para o terceiro trimestre para US$ 5,55 por ação Classe B, o que representaria um trimestre recorde, equivalente a cerca de US$ 12 bilhões de lucro líquido. Ela também ajustou sua projeção para 2025 para US$ 20,65 por ação Classe B e elevou o preço-alvo para US$ 510, com recomendação de manter.
Segundo Seifert, o resultado deve ser impulsionado pelos fortes ganhos da carteira de ações da empresa, de US$ 300 bilhões, liderada pela Apple. O valor patrimonial das ações Classe A deve superar US$ 485.000 no trimestre, com as ações negociando atualmente a cerca de 1,5 vez essa estimativa, em linha com o histórico recente.
“Esperamos que o crescimento da receita operacional da empresa como um todo seja contido, e ainda prevemos receitas operacionais estáveis a até 5% em 2025. Acreditamos que 2025 será um ano de transição para a Berkshire, principalmente devido às significativas mudanças gerenciais com a aposentadoria de Warren Buffett ao final do ano”, escreveu Seifert.
Apesar do ambiente favorável, as ações de P&C, incluindo a Berkshire, não se beneficiaram plenamente do baixo nível de catástrofes. Isso se deve às preocupações dos investidores com uma possível deterioração nos preços de seguros, que têm favorecido ações financeiras defensivas, como as de bancos.
Muitas seguradoras P&C ficaram atrás do ganho de 14% do S&P 500 neste ano. Allstate e Berkshire avançaram cerca de 9%, RenaissanceRe subiu 6% e Everest Re caiu 2%. Chubb e Progressive também ficaram atrás, com a Chubb subindo 2% e a Progressive caindo 3% no acumulado do ano, impactada por resultados trimestrais fracos e um evento regulatório desfavorável na Flórida.
A Progressive, especializada em seguros de automóveis, é menos afetada por catástrofes, mas seus resultados indicam que margens recordes podem ter atingido o pico.