Redatora
Publicado em 8 de agosto de 2025 às 05h59.
Os mercados internacionais operam de forma mista nesta sexta-feira, 8, em um cenário marcado pela repercussão de novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, pela divulgação de balanços corporativos relevantes e por expectativas sobre a trajetória de juros nas principais economias globais.
Na Ásia, o destaque ficou para o Japão, onde o índice Nikkei 225 avançou 1,85% e o Topix superou pela primeira vez a marca dos 3.000 pontos. O movimento foi impulsionado por resultados corporativos positivos e pela sinalização de Washington de que ajustará tarifas sobre determinados produtos japoneses para evitar cobranças duplicadas.
As ações do SoftBank Group, conglomerado de tecnologia japonês, tiveram alta expressiva de 11 % após divulgação de lucro trimestral acima do esperado. A Sony Group também se destacou, com valorização de 6 %, estendendo seus ganhos da véspera. Já a Honda Motor, fabricante automotiva japonesa, registrou alta de 4 %, impulsionada pela perspectiva de redução das tarifas de exportação dos EUA sobre veículos.
Em contrapartida, o índice Hang Seng, de Hong Kong, recuou 0,94%, pressionado por quedas no setor de tecnologia. Na Coreia do Sul, o Kospi caiu 0,55%, enquanto o S&P/ASX 200, da Austrália, cedeu 0,28%. Na China continental, o CSI 300, que reúne as maiores empresas listadas em Xangai e Shenzhen, fechou praticamente estável, com alta de 0,1%.
Na Europa, os índices exibem variações contidas nesta manhã de sexta-feira após uma semana positiva. Por volta das 5h30 (horário de Brasília), o pan-europeu Stoxx 600 subia 0,13%, o francês CAC 40 avançava 0,19% e o britânico FTSE 100 tinha leve queda de 0,02%, enquanto o alemão DAX recuava 0,33%.
O mercado repercute a decisão do Banco da Inglaterra, que reduziu sua taxa básica para 4% em votação apertada no Comitê de Política Monetária (5 votos a 4), e também balanços corporativos, como o da resseguradora alemã Munich Re, cujas ações caíram 7% após a companhia cortar sua projeção de receita para o ano, citando efeitos cambiais e tendências de negócios.
Em Wall Street, os contratos futuros operavam em alta moderada, com o S&P 500 e o Nasdaq 100 avançando cerca de 0,22% e 0,23%, respectivamente.
Investidores acompanham a indicação de Stephen Miran, presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca, para ocupar temporariamente uma vaga no conselho do Federal Reserve. Caso seja confirmado pelo Senado, Miran poderá votar já na reunião de setembro, reforçando as expectativas de corte de 0,25 ponto percentual nos juros, diante de sinais de enfraquecimento no mercado de trabalho e inflação ainda sob controle.
O ambiente geopolítico adiciona cautela aos negócios. As tarifas impostas pelo governo de Donald Trump começaram a valer na quinta-feira, com alíquotas que chegam a 50% sobre importações de dezenas de países, incluindo Brasil e Índia.
No caso indiano, a medida amplia tensões na relação bilateral e deve ganhar peso político nas eleições regionais previstas para este ano. Além disso, a Casa Branca ameaça adotar tarifas secundárias contra países que seguirem comprando petróleo da Rússia, medida que, se implementada, pode pressionar os preços globais de energia e elevar a inflação.
No mercado de commodities, o petróleo opera em baixa, com o Brent recuando 0,8%, a US$ 65,92 o barril, e o WTI caindo 0,9%, a US$ 63,31. Ambos acumulam perdas semanais próximas de 5%, a maior retração desde o fim de junho.
O movimento é influenciado pelo temor de que as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos desacelerem a economia global, aliado à decisão da Opep+ de antecipar para setembro o fim de parte relevante dos cortes de produção.
O ouro, por sua vez, mantém trajetória de alta e renovou recorde histórico no mercado futuro dos EUA, superando os US$ 3.500 por onça.
A valorização é sustentada pela demanda por ativos de proteção em meio às incertezas comerciais e pela expectativa de cortes de juros, que tendem a reduzir o custo de oportunidade do metal.