Redatora
Publicado em 2 de junho de 2025 às 06h00.
Os mercados internacionais começam a semana atentos aos efeitos da decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de dobrar as tarifas sobre importações de aço para 50%, a partir desta quarta-feira, 4. O anúncio elevou o clima de incerteza e pressionou as bolsas internacionais nesta segunda-feira, 2.
Na Ásia, os principais mercados fecharam em queda. O índice Nikkei 225, do Japão, caiu 1,30%, enquanto o Topix recuou 0,87%. Apesar da pressão externa, o país registrou sinais de leve melhora na indústria: o PMI industrial subiu de 48,7 para 49,4 em maio, o menor nível de contração em cinco meses.
Na Coreia do Sul, o Kospi encerrou o dia praticamente estável, enquanto o índice de pequenas empresas Kosdaq subiu 0,81%, em meio à expectativa pelas eleições presidenciais marcadas para terça-feira, 3. O PMI do setor industrial sul-coreano ficou em 47,7 em maio, acima dos 47,5 de abril, mas ainda indicando contração.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 1,2%, refletindo o nervosismo sobre o aumento de tarifas e o agravamento das tensões com Pequim.
O índice S&P/ASX 200, da Austrália, recuou 0,24%, com o setor manufatureiro apresentando desaceleração: o PMI caiu de 51,7 em abril para 51 em maio, com destaque para a queda na produção — a primeira em três meses.
Os mercados da China, Malásia e Nova Zelândia permaneceram fechados por feriados.
As tensões comerciais voltaram a escalar após a China refutar as acusações dos EUA de violação de acordos da Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando que Washington é quem descumpriu os termos. Com a possibilidade de mais restrições no horizonte, as conversas entre as duas potências parecem ter entrado em nova fase de impasse.
As bolsas europeias operam no vermelho nesta segunda-feira, pressionadas pelas incertezas comerciais e temores de que as tarifas sobre o aço avancem para outros setores.
No início do pregão, o índice europeu Stoxx 600 recuava 0,18%. Na França, o CAC 40 perdia 0,43%, e o DAX, da Alemanha, caía 0,22%. Em contrapartida, o FTSE 100, do Reino Unido, subia 0,08%, impulsionado por ações de petróleo e gás, que avançam 0,57% com a alta nas cotações da commodity.
Papéis do setor automotivo registraram queda de 1,4% diante do risco de tarifas mais pesadas, enquanto ações do setor de tecnologia, mais sensíveis ao risco, também recuavam 1%.
Em Wall Street, os índices futuros operam em baixa após o forte desempenho em maio. Os contratos futuros do S&P 500 recuam 0,53%, os do Nasdaq-100 caem 0,68% e os futuros do Dow Jones perdem 0,41% nesta manhã.
Os índices americanos encerraram o mês de maio acumulando fortes ganhos: o S&P 500 avançou mais de 6% em maio, sua melhor performance mensal desde novembro de 2023. O Nasdaq teve alta superior a 9%, e o Dow Jones subiu cerca de 4%.
Apesar disso, analistas alertam para possível perda de fôlego. A incerteza sobre o desfecho das tarifas e possíveis novas medidas do governo Trump contra a China geram cautela. Dados como o payroll de maio, que será divulgado nesta semana, também devem influenciar os mercados.
O ouro avança cerca de 1,5%, negociado a US$ 3.337 a onça, com investidores buscando proteção em meio ao aumento das tensões comerciais.
O petróleo tipo Brent para agosto sobe 2,29%, cotado a US$ 64,22 por barril. A alta ocorre apesar do anúncio da Opep+ de aumento de produção em 411 mil barris por dia para julho — mesmo nível observado nos dois meses anteriores.