Fluxo de estrangeiros ficou negativo por dois meses consecutivos (Germano Lüders/Exame)
Redator
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 14h42.
Última atualização em 10 de setembro de 2025 às 16h19.
No mês passado, a saída de recursos estrangeiros da bolsa brasileira superou com folga as entradas. O gringo trouxe R$ 1,2 bilhão, mas retirou R$ 6,2 bilhões, fazendo com que o fluxo ficasse negativo em R$ 5,1 bilhões, segundo cálculos da XP Research.
Em julho, essa conta tinha sido pior, com saídas líquidas totais de R$ 13,6 bilhões.
O dinheiro vindo do exterior é visto como um gatilho de valorização importante no mercado de ações, mas, apesar das saídas, a bolsa resistiu. No mês passado, o Ibovespa se recuperou do tombo de julho, quando registrou seu pior desempenho no ano, e agora em setembro chegou a registrar sua maior pontuação de fechamento da história.
No acumulado de 2025, o fluxo estrangeiro consolidado na B3 é ainda positivo, mas modesto: R$ 3,9 bilhões.
Para a XP, o desempenho da Bolsa se deve muito à sólida temporada de resultados do segundo trimestre do ano das companhias listadas. A casa vê também os valuations projetados nas ações ainda atraentes.
O chamado “trade eleitoral”, que é a influência da agenda eleitoral do ano que vem no mercado, também seria um dos motivos da movimentação da bolsa, ainda que muitas casas de análise acreditem que está muito cedo para as eleições de 2026 fazerem preço no mercado.
Por fim, a XP aponta ainda as expectativas de juros mais baixos no futuro, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, como ingrediente importante para o atual desempenho positivo das ações brasileiras.
Ao contrário dos estrangeiros, os fluxos de investidores domésticos (incluindo institucionais e pessoa física) foram positivos em agosto, com R$ 2,6 bilhões de saídas líquidas, mas R$ 6,2 bilhões de entradas, impulsionados, principalmente, por investidores institucionais, aponta o relatório.
Esse grupo registrou saídas líquidas de R$ 1,3 bilhão em caixa, mas fortes entradas líquidas de R$ 9,3 bilhões em contratos futuros, o que indica um papel importante nessa balança de afluência de recursos na bolsa.
Dados preliminares de setembro, no entanto, apontam que os fluxos de investidores institucionais tiveram saídas líquidas totais de R$ 1 bilhão.
A indústria de fundos (incluindo de renda fixa, ações e multimercado) registrou em agosto resgates líquidos de R$ 26,7 bilhões. Todos os segmentos tiveram resgates maiores que entradas. Já as instituições financeiras registraram captação líquida de ações de R$ 1 bilhão em agosto.
O saldo para investidores pessoa física, até o momento, está positivo no mercado doméstico, com entradas líquidas totais de R$ 2,6 bilhões.
Apesar da fuga do capital estrangeiro na bolsa brasileira, a XP vê um cenário potencialmente positivo para os fluxos estrangeiros à frente, apoiado por redução das tensões comerciais com os Estados Unidos e pelo esperado início de ciclos de flexibilização monetária tanto no Brasil quanto nos EUA nos próximos meses.