Redatora
Publicado em 25 de agosto de 2025 às 06h16.
Última atualização em 25 de agosto de 2025 às 08h08.
Os mercados globais começam a semana com sinais mistos, em meio ao impacto das declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole.
O tom mais cauteloso do dirigente do Fed reforçou a perspectiva de que a autoridade monetária dos Estados Unidos poderá reduzir a taxa básica já em setembro, movimento que os investidores agora atribuem uma probabilidade próxima a 84%. A expectativa é de um corte de 0,25 ponto percentual, enquanto se discute o ritmo das possíveis flexibilizações até 2025.
Esse cenário mantém os mercados atentos não apenas às decisões do Fed, mas também aos dados econômicos que serão divulgados nos próximos dias. Na sexta-feira, será divulgado o índice de preços de gastos com consumo (PCE) de julho, a principal métrica de inflação acompanhada pela autoridade americana. Já os relatórios de emprego serão divulgados na próxima semana.
Na Ásia, as bolsas registraram alta generalizada, lideradas pela China e por Hong Kong. O índice CSI 300, que reúne as principais ações negociadas em Shenzhen e Xangai, fechou com alta de 2,08%, atingindo o maior nível em mais de três anos, acumulando valorização próxima a 10% no mês.
Esse movimento tem sido impulsionado por uma combinação de liquidez no mercado doméstico e expectativas sobre mudanças no fluxo global, com parte dos investidores projetando realocação de recursos para ações chinesas caso se confirme a redução dos juros nos EUA.
Além disso, notícias internas deram suporte ao setor imobiliário: Xangai anunciou flexibilização nas regras para compra de imóveis por famílias elegíveis, o que ajudou companhias como China Vanke, Longfor Group e New World Development a registrarem altas relevantes.
O índice Hang Seng, em Hong Kong, também teve forte desempenho, com alta de 1,94%, impulsionado principalmente por empresas do setor de tecnologia. O Hang Seng Tech, que reúne gigantes do segmento, avançou de forma expressiva com destaque para Nio, que disparou mais de 15%, e ASMPT, com ganho superior a 7%.
No Japão, o Nikkei manteve trajetória de alta, fechando com ganhos de 0,43%, enquanto o Topix avançou de forma mais moderada, fechando com alta de 0,15%.
Na Coreia do Sul, o Kospi, beneficiado pelo setor de tecnologia, teve alta de 1,3%. Já a Austrália encerrou o pregão praticamente estável, com leve alta de 0,06%.
Na Europa, os principais mercados operavam em queda no início da manhã, mesmo após dados melhores do que o esperado sobre a confiança empresarial na Alemanha. O índice de clima de negócios do instituto Ifo subiu para o maior patamar em 15 meses, atingindo 89 pontos em agosto, acima das estimativas. Ainda assim, as bolsas permaneciam pressionadas pela cautela em relação ao cenário global.
Por volta das 5h50, o Stoxx 600 recuava 0,23%, o DAX alemão caía 0,41% e o CAC 40 francês tinha baixa de 0,58%. No Reino Unido, o mercado está fechado devido a um feriado local.
No radar dos investidores europeus estão os dados de inflação que serão divulgados ao longo da semana em países como Alemanha, França e Itália, além da expectativa por balanços de grandes companhias do continente.
Entre os destaques corporativos, as ações da Orsted desabavam após autoridades americanas determinarem a suspensão de um projeto eólico offshore praticamente concluído, o que ameaça os planos de financiamento da empresa dinamarquesa. Em sentido oposto, os papéis da JDE Peet’s saltavam após a norte-americana Keurig Dr Pepper anunciar a compra da companhia por 15,7 bilhões de euros, negócio que pode remodelar o setor de bebidas e cafés.
Nos Estados Unidos, os contratos futuros das principais bolsas apresentavam variações discretas. Por volta das 5h50, os futuros do Dow Jones recuavam 0,14%, os do S&P 500 caíam 0,12% e os do Nasdaq 100, 0,16%.
Essa estabilidade contrasta com o forte rali da última sexta-feira, quando Wall Street reagiu ao discurso de Powell, com os três principais índices avançando mais de 1,5% no dia.
Agora, as atenções se voltam para a divulgação dos resultados da Nvidia, prevista para quarta-feira, 27, evento que pode mexer com a percepção do mercado sobre o setor de inteligência artificial. Também estão no radar os balanços de Dell e Marvell, esperados para quinta-feira, 28, que devem indicar se haverá continuidade na rotação de carteiras entre ações de tecnologia e setores cíclicos.