IA; dinheiro (Imagem gerada por IA/Freepik)
Redatora
Publicado em 12 de setembro de 2025 às 16h18.
O setor de inteligência artificial tornou-se um dos maiores destinos de investimentos da história.
Segundo reportagem da The Economist, até 2028, os gastos globais com data centers e infraestrutura necessária para executar modelos de IA ultrapassarão US$ 3 trilhões.
Somente neste ano, a estimativa é de que as principais empresas de tecnologia dos Estados Unidos devem investir quase US$ 400 bilhões.
Companhias como OpenAI e Anthropic têm levantado bilhões de dólares em rodadas de financiamento, enquanto o valor de mercado conjunto se aproxima de meio trilhão de dólares.
O movimento também atrai empresas de outros setores, como energia e construção, além de provedores de nuvem. A Oracle, por exemplo, anunciou projeções ambiciosas para seus negócios ligados à IA, elevando temporariamente o valor de seu fundador, Larry Ellison, ao posto de dono da maior fortuna do mundo.
Apesar da escala dos investimentos, especialistas ouvidos pela revista destacaram que parte significativa dos aportes pode não gerar o retorno esperado. No cenário mais otimista, a chamada inteligência artificial geral (IAG) — sistemas com desempenho superior ao humano em diversas tarefas — poderia ampliar o crescimento econômico global em até 20% ao ano.
Nesse caso, alguns investidores teriam ganhos elevados, mas muitos outros registrariam perdas.
Há ainda cenários menos favoráveis. A evolução tecnológica pode ainda seguir caminhos diferentes dos previstos, reduzindo a necessidade de grandes modelos de linguagem e, consequentemente, de alto poder computacional. Adoção mais lenta, dificuldades de fornecimento de energia elétrica ou ajustes de gestão também podem limitar a expansão.
Boa parte dos investimentos atuais está direcionada a servidores e chips especializados, cuja vida útil é mais curta. Se a demanda recuar, ativos podem se tornar rapidamente obsoletos, como ocorreu em ciclos anteriores de inovação.
Até o momento, o sistema financeiro absorveu o ritmo da expansão. Grandes empresas de tecnologia têm financiado projetos com recursos próprios, enquanto fundos privados e soberanos sustentam startups do setor.
No entanto, quanto mais o boom se espalhar, maior será a exposição de empresas endividadas e de concessionárias de energia, que precisam ampliar a capacidade de geração elétrica para atender à IA.
Nos últimos 12 meses, estima-se que a IA tenha contribuído com cerca de 40% do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) americano, segundo a Economist. Caso o volume de investimentos seja reduzido, os efeitos sobre construção de data centers, geração de empregos e consumo podem ser significativos.
A concentração das carteiras de investidores em empresas de tecnologia amplia o risco de quedas bruscas no mercado acionário. Como famílias de maior renda têm participação importante em ações, eventual correção de preços poderia afetar gastos de consumo, com impacto direto sobre a atividade econômica.
Com isso, a especulação é que se a tecnologia alcançar o potencial estimado, poderá inaugurar uma nova fase de crescimento. Entretanto, caso a adoção seja mais lenta ou a infraestrutura construída não seja plenamente utilizada, parte dos US$ 3 trilhões investidos pode resultar em perdas substanciais para empresas, fundos e credores.