Ásia: criptomoedas estão fora do portfólio dos ultrarricos asiáticos (Miguel Candela/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 20 de outubro de 2025 às 11h07.
Mesmo com as tensões comerciais entre Estados Unidos e China, uma maior clareza em relação à política americana do que na época das tarifas “recíprocas”, devolveram o apetite a risco de investidores asiáticos. Os ultrarricos estão apostando nas ações chinesas, renda fixa e ouro, segundo banqueiros e gestores de patrimônio da região, ouvidos pelo Nikkei Asia.
“A confiança e o apetite por risco dos investidores asiáticos ricos vêm se recuperando desde o segundo trimestre”, disse Lok Yim, do HSBC, citando a resiliência econômica, lucros impulsionados pela inteligência artificial e a retomada do ciclo de cortes de juros.
Nas ações chinesas, investidores aproveitam a explosão da IA, impulsionada pelo chatbot da DeepSeek, novas Ofertas Públicas (IPOs) e investidores locais com poupança acumulada na pandemia de Covid.
No ano, o índice Hang Seng, de Hong Kong, subiu 26% e o CSI 300, da China, quase 15%. “O interesse por ativos chineses aumentou substancialmente”, disse Gabriel Chan, do BNP Paribas, citando avaliações mais baratas em relação a dos EUA.
No Japão, onde o iene perdeu força, os investidores ricos mantêm preferência por ativos americanos.
A Ásia tem o segundo maior número de ultrarricos do mundo, com US$ 14,8 trilhões em patrimônio, quase empatando com a Europa, de acordo com a revista Nikkei Asia. Índia lidera o crescimento, com quatro das dez cidades de maior expansão desse grupo.
São considerados ultrarricos aqueles com patrimônio acima de US$ 30 milhões. Somado, as fortunas dessa população da Ásia cresceram 10% no primeiro semestre, segundo a Wealth-X.
Mais que a média global, family offices asiáticos destinam 32% dos portfólios a ações e 18% a caixa.
A redução das taxas de juros estimulou um movimento de realocação dos portfólios em direção à renda fixa. “Clientes estão movendo caixa para títulos, antecipando cortes”, disse Yvonne Leung, do J.P. Morgan, informou a Nikkei Asia.
Investidores também ampliam a posição em ouro — que acumula alta superior a 60% no ano e atingiu recorde acima de US$ 4.300 por onça — como forma de diversificação. “As alocações aumentaram, embora não recomendemos mais de 5%”, disse Leung.
Criptomoedas, porém, seguem fora do radar dos ricos asiáticos. “Nenhum dos meus clientes tem interesse em cripto”, afirmou Ryoichi Toori, do SMBC Trust Bank.