Mesmo com os desafios enfrentados pela 4Bio e a avaliação considerada elevada por parte do mercado, os analistas avaliam que a RD Saúde continua bem posicionada para capturar oportunidades no varejo farmacêutico e fortalecer sua liderança no setor.
Redação Exame
Publicado em 5 de novembro de 2025 às 17h33.
A RD Saúde (RADL3) viveu uma verdadeira montanha na sessão desta quarta-feira, 5, a primeira após a divulgação dos resultados no terceiro trimestre. As ações da dona da Raia Drogasil iniciaram o dia no vermelho, mas zeraram as perdas por volta do meio-dia e agora sobem 4,3%.
O movimento refletiu uma leitura mista do mercado sobre o balanço. Embora os resultados tenham vindo positivos, parte dos investidores esperava um desempenho ainda mais forte, o que ajuda a explicar a valorização de 9% apenas no mês de outubro. "Os números gerais foram bons, mas vimos muitos investidores comprando ações da RADL nas últimas semanas com expectativas bem maiores para o trimestre, que, no fim das contas, não se concretizaram e devem gerar alguma pressão de curto prazo sobre as ações", comentou o Itaú BBA.
O EBITDA ajustado atingiu R$ 909 milhões, alta de 12% na comparação anual, em linha com as projeções do JPMorgan e do consenso da Bloomberg. No entanto, segundo o banco, conversas com investidores locais, principais compradores recentes da ação, indicam que o consenso do mercado (buyside) esperava um resultado cerca de 5% superior ao reportado, o que poderia gerar alguma pressão sobre o papel. Ainda assim, o JPMorgan vê uma possível fraqueza de curto prazo como oportunidade de compra, apostando em tendência operacional positiva e potencial de alta para as estimativas de 2026.
Segundo a XP Investimentos, as tendências favoráveis do negócio principal da RD Saúde se confirmaram no terceiro trimestre, com aceleração das vendas mesmas lojas maduras (MSSS), impulsionadas principalmente pelos medicamentos da classe GLP-1, usados no tratamento de diabetes e obesidade, e também pelo segmento de HPC (produtos de saúde e cuidados pessoais).
A corretora destacou ainda a melhora das margens em bases de comparação mais normalizadas e o controle das despesas gerais e administrativas.
Apesar dos pontos positivos, a XP avaliou que as altas expectativas do mercado, o posicionamento recente das ações e a avaliação premium da companhia poderiam levar a uma reação negativa no curto prazo. Segundo a casa, os desafios enfrentados pela 4Bio, unidade de medicamentos especiais da empresa, devem persistir nos próximos trimestres, representando um risco de baixa para as estimativas da RD Saúde.
Segundo o Goldman Sachs, a companhia apresentou avanços adicionais em métricas operacionais-chave que vinham contribuindo para o desempenho abaixo do Ibovespa no acumulado do ano. As vendas no núcleo da operação de farmácias mostraram melhora sequencial em todas as categorias, incluindo as lojas maduras, onde o crescimento de vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) foi de 7,8%.
A RD manteve ganhos de eficiência em despesas operacionais, especialmente em G&A, o que ajudou a margem EBITDA ajustada a permanecer estável em relação ao mesmo período do ano anterior, em linha com as estimativas do Goldman Sachs e do consenso.
Já o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME) avaliou que a Raia Drogasil apresentou mais um conjunto sólido de resultados no 3T25, com crescimento de SSS acima das expectativas e inflação de medicamentos, margem EBITDA estável e leve surpresa positiva no lucro líquido.