A chave está em compreender as nuances dos investimentos, considerar os impactos tributários e manter flexibilidade para ajustar a estratégia conforme as condições econômicas (Getty/Getty Images)
Publicado em 10 de junho de 2025 às 16h39.
Com a Selic em 14,75% ao ano, muitos brasileiros despertaram para uma pergunta tentadora: quanto preciso investir para viver dos juros? Especificamente, para alcançar uma renda mensal de R$ 15 mil sem tocar no capital principal. A resposta envolve matemática simples, mas que pode transformar sonhos em planejamento financeiro concreto.
O Tesouro Selic é a opção mais conhecida e segura para quem quer acompanhar a taxa básica. Esse título público oferece liquidez diária e proteção contra oscilações da Selic. Quando a taxa sobe, seus rendimentos aumentam automaticamente; quando cai, diminuem na mesma proporção.
Os CDBs pós-fixados de grandes bancos também seguem essa lógica. Muitos oferecem 100% do CDI, que costuma ficar próximo à Selic. A vantagem é a garantia do FGC até R$ 250 mil por instituição, permitindo diversificar o risco entre diferentes bancos.
Fundos DI são outra alternativa interessante. Eles aplicam em títulos de renda fixa pós-fixados e distribuem os rendimentos regularmente. A gestão profissional pode otimizar os retornos, mas é preciso considerar as taxas de administração que reduzem o rendimento líquido.
Com R$ 1,22 milhão investidos a 14,75% ao ano, o rendimento bruto mensal seria de aproximadamente R$ 15.010. Mas a realidade é mais complexa. O Imposto de Renda incide sobre os ganhos, seguindo a tabela regressiva da renda fixa.
Nos primeiros meses, a alíquota é de 22,5%. Isso significa que sua renda líquida inicial seria de aproximadamente R$ 11.630. Após dois anos, a tributação cai para 15%, elevando o valor líquido para cerca de R$ 12.760 mensais.
Para receber exatamente R$ 15 mil líquidos desde o início, o cálculo é outro. Seria necessário um rendimento bruto de R$ 19.355 mensais. Para gerar esse valor com a taxa de 14,75% ao ano, o investimento precisaria ser de aproximadamente R$ 1,575 milhão. Essa diferença mostra como os impostos impactam significativamente o planejamento financeiro de longo prazo.
A variação da Selic é outro fator crucial. Se a taxa cair para 10%, por exemplo, a renda mensal bruta daquele capital de R$ 1,22 milhão cairia para cerca de R$ 10.167, o que resultaria em um valor líquido de aproximadamente R$ 7.880 (com IR de 22,5%). Por isso, é importante ter reservas ou fontes complementares de renda.
Primeiro, avalie seu perfil de risco e necessidades. Viver exclusivamente de renda fixa atrelada à Selic oferece segurança, mas também vulnerabilidade às mudanças da política monetária. Diversificar entre diferentes tipos de investimento pode proporcionar maior estabilidade de renda.
A inflação é uma preocupação real. Mesmo com a Selic alta, é importante verificar se os rendimentos superam a inflação para manter o poder de compra ao longo do tempo. Títulos indexados ao IPCA podem ser uma alternativa complementar.
Considere também o aspecto tributário de longo prazo. Planejar a retirada dos valores de forma estratégica pode otimizar a carga fiscal. Algumas pessoas optam por sacar apenas os rendimentos acima de determinado valor, reinvestindo o excesso.
Tenha sempre uma reserva de emergência separada desse montante principal. Imprevistos acontecem, e tocar no capital destinado à renda pode comprometer toda a estratégia. Uma reserva de 6 a 12 meses de gastos é recomendável.