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Como funciona a portabilidade de investimentos?

Entenda em quais aplicações é possível fazer portabilidade, quais são os cuidados e como transferir seus investimentos de forma segura

Desde julho, as novas regras da CVM tornaram o processo ainda mais simples, com interfaces digitais padronizadas e maior transparência sobre prazos e motivos de eventuais negativas. (Scyther5/Thinkstock)

Desde julho, as novas regras da CVM tornaram o processo ainda mais simples, com interfaces digitais padronizadas e maior transparência sobre prazos e motivos de eventuais negativas. (Scyther5/Thinkstock)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 17h51.

Assim como você pode trocar de banco sem perder o histórico do seu relacionamento bancário, também é possível mudar a instituição que cuida dos seus investimentos sem precisar vender tudo e começar do zero. É exatamente isso que a portabilidade de investimentos permite: uma mudança de endereço para o seu patrimônio, mantendo seus ativos intactos e livres de gastos durante o processo.

A prática vem ganhando força entre investidores brasileiros que buscam melhores condições, taxas mais competitivas ou simplesmente um atendimento que faça mais sentido para seus objetivos. A melhor parte é que o processo é totalmente gratuito e não gera cobrança de Imposto de Renda, diferentemente do que aconteceria se você resgatasse os investimentos para reaplicar em outro lugar.

O que é portabilidade de investimentos?

A portabilidade de investimentos é a transferência da custódia das suas aplicações de uma instituição financeira para outra. Em termos práticos, significa que seus títulos, ações e outros ativos mudam de "casa" sem que você precise vendê-los ou resgatá-los.

Quando você investe em qualquer produto financeiro, seja renda fixa, renda variável ou fundos, esses ativos ficam custodiados na instituição escolhida. Ela faz a guarda dos títulos e administra as contas abertas em seu nome. A portabilidade permite que você transfira essa responsabilidade para outra instituição que ofereça condições mais vantajosas ou serviços mais alinhados aos seus objetivos.

Em quais investimentos é possível fazer portabilidade?

A boa notícia é que praticamente todos os tipos de investimentos podem ser transferidos entre instituições. Os mais comuns incluem ações, ETFs (fundos negociados em bolsa), Fundos Imobiliários e títulos do Tesouro Direto. Mas a lista vai além e abrange também títulos privados de renda fixa, como CDB, LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures.

No caso dos Fundos de Investimentos, o processo tem uma particularidade importante: além de verificar se o fundo é distribuído na nova instituição, é fundamental confirmar que os CNPJs sejam idênticos. Existem fundos com nomes parecidos, mas CNPJs diferentes — nesses casos, a portabilidade não é possível.

Já a portabilidade de previdência privada merece atenção especial. É possível transferir investimentos mantendo a modalidade PGBL ou VGBL. O regime de tributação pode ser alterado durante o processo, mas apenas do progressivo para o regressivo, nunca o contrário. Essa flexibilidade permite ajustar a estratégia tributária conforme seus planos de longo prazo.

Ativos listados em bolsa como BDRs, ouro, direitos, recibos e debêntures listadas também entram na lista dos transferíveis, assim como os proventos relacionados a esses investimentos.

Quando não é possível fazer portabilidade?

Embora a maioria dos investimentos seja elegível para transferência, existem algumas limitações importantes. A primeira e mais óbvia: não é possível transferir recursos que estejam sendo utilizados como garantia na instituição de origem. Se você tem ações dadas como garantia em operações de margem, por exemplo, precisará primeiro liquidar essas operações.

Outro ponto de atenção envolve a infraestrutura tecnológica do mercado. Atualmente, a B3 (bolsa de valores brasileira) oferece portabilidade digital apenas para ativos listados em bolsa e seus proventos. Isso significa que alguns produtos de renda fixa ainda dependem de processos manuais, embora a bolsa esteja trabalhando junto com bancos e corretoras para incluir todos os produtos na funcionalidade digital.

Quais são os benefícios e os riscos da portabilidade?

Entre as principais vantagens da portabilidade está a possibilidade de buscar instituições com melhores serviços, consultoria financeira personalizada, plataformas digitais mais eficientes e maior variedade de produtos. Muitos investidores migram em busca de taxas de administração mais baixas ou custos operacionais reduzidos.

O melhor benefício, no entanto, é que você não perde a rentabilidade acumulada nem paga impostos durante o processo. Isso é especialmente vantajoso para investimentos de longo prazo, onde o resgate antecipado poderia significar perdas significativas por conta da tributação.

Por outro lado, é preciso estar atento a alguns riscos. O principal deles é fazer a mudança sem uma análise criteriosa. Antes de solicitar a portabilidade, compare não apenas as taxas, mas também a solidez da nova instituição, a qualidade do atendimento e a compatibilidade dos prazos de investimento com seus objetivos financeiros.

Outro cuidado importante: embora a portabilidade de fundos de investimento seja gratuita, alguns fundos podem ter prazos de carência ou taxas de saída que incidem mesmo na portabilidade. Sempre verifique o regulamento do fundo antes de tomar a decisão.

Quando vale a pena fazer portabilidade?

A decisão de fazer portabilidade deve ser baseada em critérios objetivos. Vale a pena considerar a mudança quando você identifica taxas significativamente menores em outra instituição, necessita de um atendimento mais personalizado ou encontra tecnologias e ferramentas que facilitam o acompanhamento dos seus investimentos.

Também faz sentido migrar quando a instituição atual não oferece a variedade de produtos que você precisa para diversificar sua carteira. Se você começou investindo apenas em renda fixa e agora quer explorar ações e fundos imobiliários, mas sua corretora atual tem opções limitadas, a portabilidade pode abrir novas oportunidades.

Em contrapartida, evite fazer portabilidade por impulso ou baseado apenas em promessas de rentabilidade futura. Lembre-se de que rentabilidade passada não garante resultados futuros, e uma análise completa deve considerar todos os aspectos do relacionamento com a nova instituição.

Quanto tempo demora a portabilidade de investimentos?

Os prazos variam conforme o tipo de ativo transferido. Para ações, ETFs e outros ativos de renda variável negociados em bolsa, o processo é mais ágil, geralmente leva até dois dias úteis após a solicitação.

Já os Fundos de Investimentos demandam um pouco mais de paciência. O prazo padrão é de nove dias úteis, considerando o tempo necessário para processar cotas e verificar todas as informações entre as instituições envolvidas.

A portabilidade do Tesouro Direto segue prazos similares aos da renda variável, com conclusão em cerca de dois dias úteis. Para títulos de renda fixa privada, os prazos podem variar dependendo do emissor e das instituições envolvidas.

No caso específico da previdência privada, o processo costuma levar em média 10 dias úteis após a assinatura dos formulários necessários.

Veja o passo a passo de como fazer a portabilidade

Passo 1: pesquise e abra conta na nova instituição

Compare diferentes corretoras e bancos considerando taxas, produtos oferecidos e qualidade do atendimento. Após escolher, abra sua conta online com documentos básicos como identidade, CPF e comprovante de residência. Certifique-se de que a conta esteja ativa antes de prosseguir.

Passo 2: acesse a plataforma de portabilidade

Para ativos listados em bolsa, entre na Área do Investidor no portal da B3 usando seu CPF e senha. Localize e clique na seção "Portabilidade" no menu principal. Para outros tipos de investimento, contate sua instituição atual.

Passo 3: selecione origem, destino e ativos

Na plataforma, escolha a instituição de origem (onde estão seus investimentos) e a de destino. Em seguida, selecione quais investimentos deseja transferir — você pode portar todos ou apenas parte dos seus ativos. Verifique se todos são elegíveis para portabilidade.

Passo 4: confirme e autentique a solicitação

Leia atentamente os termos e condições do processo e aceite-os. Faça a autenticação na instituição de origem para confirmar a solicitação. Esse passo é fundamental para garantir a segurança da operação e evitar fraudes.

Passo 5: acompanhe até a conclusão

Use o menu "Minhas Solicitações" para monitorar o status da transferência em tempo real. Após o prazo previsto (2 dias úteis para ações, 9 para fundos), acesse sua nova instituição e confirme que todos os ativos foram transferidos corretamente. Guarde os comprovantes.

Desde julho, as novas regras da CVM tornaram o processo ainda mais simples, com interfaces digitais padronizadas e maior transparência sobre prazos e motivos de eventuais negativas. As instituições agora são obrigadas a oferecer acompanhamento em tempo real, garantindo mais controle ao investidor sobre todo o processo de portabilidade de investimentos.

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