Quem está na missão de diversificar a carteira pode contar com os Fundos de investimento e ETFs (fundos negociados em bolsa). (Gustavo Mellossa/iStock/Getty Images)
Colaboradora
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 15h19.
Muitos brasileiros que começam a investir cometem o mesmo erro de colocar todo o dinheiro em um único investimento. Seja em uma ação que está subindo muito, um CDB que promete pagar mais que os outros ou até mesmo deixar tudo na poupança, a concentração em uma única aplicação é sempre arriscada.
Investidores experientes e gestores de fundos usam uma estratégia diferente, que já virou regra no mercado financeiro. Trata-se da carteira diversificada, que visa distribuir o dinheiro entre vários tipos de investimento para reduzir perdas e aumentar as chances de ganho, técnica que qualquer pessoa pode aprender e aplicar.
Uma carteira diversificada é um conjunto de investimentos diferentes que funcionam juntos para proteger e aumentar seu patrimônio ao longo do tempo.
A ideia principal é dividir seu dinheiro entre aplicações que se comportam de formas diferentes. Por exemplo, quando as ações caem, os títulos do governo geralmente sobem. Quando o real perde valor, investimentos em dólar ganham. Essa compensação entre diferentes investimentos é a técnica da carteira diversificada na prática.
É importante que ressaltar que não basta apenas ter vários investimentos. É preciso escolher opções de setores variados e às vezes até de países distintos, criando assim uma proteção contra problemas que possam afetar apenas uma área específica.
A importância da diversificação de investimentos fica clara quando surge uma crise. Quem tinha todo o dinheiro em ações de uma única empresa que quebrou, perdeu tudo. Quem tinha o dinheiro dividido, perdeu apenas uma parte.
O maior benefício é diminuir o risco sem necessariamente ganhar menos. Quando um investimento vai mal, outros podem ir bem e compensar a perda. Isso ajuda o investidor a manter a calma em momentos difíceis e não tomar decisões precipitadas por medo.
Outro ponto positivo é poder aproveitar oportunidades em diferentes mercados. Enquanto o mercado brasileiro está parado, o americano pode estar crescendo e vice-versa.
Para montar uma carteira diversificada, primeiro é necessário descobrir seu perfil de investidor, que mostra quanto risco você aguenta correr com seu dinheiro.
Pessoas conservadoras preferem segurança e topam ganhar menos para não ver o dinheiro diminuir. Moderadas querem um meio termo entre segurança e ganho. Já as agressivas aceitam ver o dinheiro subir e descer muito se isso significar poder ganhar mais no final.
Definir objetivos claros e prazos também é fundamental. Metas de curto prazo, como formar uma reserva de emergência ou juntar para uma viagem em um ano, pedem investimentos mais líquidos e seguros. Objetivos de longo prazo, como aposentadoria ou educação dos filhos, permitem maior exposição a riscos em busca de crescimento patrimonial.
Conhecer os riscos dos investimentos é outro passo essencial para tomar decisões mais conscientes sobre como alocar o patrimônio.
O segredo de uma boa diversificação está em equilibrar renda fixa e renda variável de acordo com seu perfil e objetivos.
A renda fixa é quando você sabe quanto vai ganhar desde o começo. Você empresta seu dinheiro para o governo através do Tesouro Direto, para bancos através de CDB, ou para empresas através de debêntures. Em troca, recebe juros combinados, sendo uma das opções mais seguras e previsíveis, ideal para quem não quer surpresas.
Já a renda variável é quando você não sabe quanto vai ganhar ou perder. Inclui ações de empresas, fundos de investimento e fundos imobiliários. O preço sofre oscilação todo dia, podendo subir ou cair, porém, no longo prazo, costuma render mais.
Uma pessoa conservadora, por exemplo, pode colocar 70% do dinheiro em renda fixa e 30% em variável. Uma moderada, meio a meio. Uma agressiva pode ter 70% em variável e só 30% em fixa. Esses números mudam conforme a idade do investidor, quanto dinheiro tem e seus planos.
Saber calcular quanto sua carteira pode render é o outro passo primordial para ver se você está no caminho certo.
A conta é simples: Retorno Total = (Percentual investido × Retorno esperado) de cada investimento, somando tudo.
Veja um exemplo real com R$ 10.000 para investir:
Fazendo a conta:
Seu R$ 10.000 viraria aproximadamente R$ 11.260 em um ano. Vale lembrar que ainda é necessário considerar o imposto de renda e às vezes a taxa de administração.
Quando o assunto é diversificar, se engana quem pensa que é só comprar qualquer investimento que aparece. Diversificação inteligente é ter entre 8 e 15 investimentos diferentes que realmente protegem seu dinheiro. Sendo assim, cada um deve adicionar algo novo, um tipo de proteção ou oportunidade diferente.
Já a pulverização ocorre quando o investidor tem dezenas de aplicações pequenas, muitas vezes repetindo o mesmo tipo de risco. Ter dez CDBs de bancos diferentes, por exemplo, não é diversificação verdadeira, pois todos estão sujeitos a riscos similares do sistema bancário.
A pulverização excessiva traz problemas práticos como dificuldade de acompanhamento, aumento de custos com taxas e diluição dos ganhos. É preferível ter poucos investimentos bem escolhidos e monitorados do que muitos sem controle adequado.
Por fim, quem está na missão de diversificar a carteira pode contar com os Fundos de investimento e ETFs (fundos negociados em bolsa).
Um fundo multimercado, por exemplo, pode investir simultaneamente em títulos públicos, ações, moedas e commodities, com gestão profissional. Já os ETFs permitem comprar uma cesta de ativos com uma única operação. Um modelo disso é o BOVA11, que replica o índice Bovespa, dando exposição às principais ações brasileiras.
Esses veículos resolvem o problema de quem tem pouco dinheiro para diversificar, já que com poucas centenas de reais é possível ter exposição a diversos ativos através de poucos fundos bem selecionados. Além disso, a gestão profissional e o rebalanceamento automático também facilitam para quem não tem tempo ou conhecimento para gerenciar múltiplos investimentos individualmente.