xAI: medida de vigilância obrigatória gera polêmica sobre privacidade e cultura organizacional. (VINCENT FEURAY / Colaborador/Getty Images)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 14 de julho de 2025 às 15h20.
A startup de inteligência artificial xAI, fundada por Elon Musk, pode estar vigiando e rastreando seus funcionários pelos seus computadores pessoais. A empresa gerou controvérsia interna ao exigir que seus funcionários instalassem um software de vigilância chamado Hubstaff em seus laptops pessoais.
A medida, implementada no início de julho, foi direcionada principalmente aos tutores responsáveis pelo treinamento do chatbot Grok, da xAI, e causou preocupações significativas relacionadas à privacidade entre os colaboradores.
Segundo informações obtidas pelo Business Insider, os funcionários foram instruídos a baixar o Hubstaff até o dia 11 de julho, caso não tivessem um dispositivo fornecido pela empresa.
O software monitora diversas atividades, incluindo os sites visitados, aplicativos utilizados, movimentos do mouse, capturas periódicas da tela e até mesmo a digitação de teclas. A instalação era obrigatória, e o uso do programa deveria ocorrer durante o horário de trabalho designado.
Essa política gerou forte resistência interna, com relatos de insatisfação e até uma demissão em protesto. Um funcionário descreveu a exigência como “vigilância disfarçada de produtividade” e “manipulação mascarada como cultura”, mensagens que repercutiram amplamente entre os colegas.
Em resposta à repercussão, a xAI flexibilizou a regra, e permitiu que aqueles que solicitassem laptops da empresa pudessem adiar a instalação do software até o recebimento do equipamento oficial.
Contudo, ainda há dúvidas sobre a situação dos funcionários que já instalaram o programa ou adquiriram novos dispositivos para cumprir a exigência.
A justificativa oficial da xAI para a adoção do Hubstaff foi a necessidade de otimizar processos de trabalho, obter dados mais claros sobre as atividades diárias dos tutores e garantir alinhamento com as prioridades da empresa no desenvolvimento do Grok.
No entanto, críticos apontam que a medida reflete um padrão de controle rígido e gestão autoritária, semelhante a outras práticas associadas a Elon Musk em suas empresas, como Tesla e X.
Além do impacto na cultura organizacional, especialistas alertam que o monitoramento extensivo pode afetar a privacidade dos funcionários e dificultar a atração e retenção de talentos em um setor altamente competitivo como o de inteligência artificial.
A controvérsia também levanta questões sobre os limites éticos e legais da vigilância no ambiente de trabalho, especialmente quando envolve dispositivos pessoais.