Juntamente com outras empresas, Tencent lidera esforços para migrar desenvolvido de IA para chips produzidos internamente (AFP)
Redator
Publicado em 30 de junho de 2025 às 10h55.
Após um período de intensa repressão regulatória que resultou em bilhões de dólares em perdas e afastou executivos do cenário público, as gigantes de tecnologia chinesas, lideradas por Tencent e Alibaba estão de volta aos negócios e com força total, realizando aquisições e consolidando ativos.
Antes rivais em diversas áreas, de transporte a streaming e finanças online, essas empresas tiveram suas ambições limitadas pelo governo da China, preocupado com seu vasto poder e com a fortuna amealhada por seus executivos, como o bilionário Jack Ma, cofundador da Alibaba.
Com a economia chinesa buscando recuperar o acelerado ritmo de crescimento e com as persistentes tensões geopolíticas, especialmente a guerra comercial dos EUA contra o país, a postura do governo mudou. Há um foco renovado em áreas cruciais como inteligência artificial e tecnologia em geral, nas quais a China busca superar seus concorrentes.
Tencent e Alibaba, juntamente com Huawei e Baidu, são empresas chinesas de tecnologia que dominam operações de data centers e IA, além de liderarem esforços para migrar o desenvolvimento dessa tecnologia para chips produzidos internamente na China.
Allan Chu, co-diretor de investimento em tecnologia, mídia e telecomunicações do UBS na Ásia-Pacífico, observa uma "normalização da regulamentação", o que aumenta a confiança para empresas e investidores retomarem os negócios. Ele prevê mais acordos em IA e robótica, áreas em que a China visa criar "campeões nacionais".
No entanto, mesmo com o aval de Pequim e uma aparente maior apoio do governo ao setor privado, Ellis Chu, chefe de fusões e aquisições da Jefferies Financial Group na Ásia, observa que as empresas chinesas preferem participar de consórcios em vez de serem o principal comprador.
Com isso, podem evitar ou amenizar reações do ocidente, como as verificadas contra o chatbot de IA chinês DeepSeek ou o TikTok, da ByteDance, que só segue operando nos EUA devido a mais um decreto de Donald Trump.
Recentemente, a Tencent comprou a startup de podcasts Ximalaya por US$ 1,3 bilhão, avançando em sua ambição de ser o Spotify da China. Antes, ela já havia feito investimentos no setor musical, adquirindo 10% da sul-coreana SM Entertainment. Além disso, há negociações para a compra de outra empresa da Coreia do Sul: a gigante de jogos Nexon, com a qual já possui uma parceria de sucesso no jogo Dungeon Fighter Mobile.
Paralelamente, há um movimento de desinvestimentos e joint ventures. A Alibaba, por exemplo, vendeu participações na Sun Art Retail Group e na Intime Retail Group. Por outro lado, a gigante chinesa prometeu investir mais de 380 bilhões de yuans (cerca de US$ 53 bilhões) em infraestrutura de IA nos próximos três anos, além de formar uma joint venture de US$ 4 bilhões com a plataforma de e-commerce da E-Mart, também na Coreia do Sul.